A animação Vocacional no encontro de Champagnat com o jovem Montagne

A história

Segundo a tradição, no dia 28 de outubro de 1816, Champagnat foi chamado para atender um jovem moribundo na localidade de Le Palais, próximo a La Valla. Ele ficou surpreso ao perceber que o jovem, João Batista Montagne, desconhecia os princípios da fé cristã e a existência de Deus. Champagnat então dedicou alguns momentos para falar sobre Deus, preparando-o para a morte.

A Animação Vocacional

Para compreendermos a Animação Vocacional, é importante definirmos dois conceitos: Animador e Vocação. O Animador é a pessoa preparada para dar “anima” (alma, vida), consciente de que animar significa estar próximo e gerar vida por onde passa. Vocação, por sua vez, deriva do latim vocare, que significa “chamar”. Para nós, cristãos, vocação não é qualquer chamado, mas sim um chamado de Deus para uma missão. Quando unimos esses dois conceitos e os transformamos em um ministério, temos diante de nós uma missão preciosa: animar as pessoas para ouvir o chamado de Deus e colocá-lo em prática.

No Dia do Jovem Montagne, em 28 de Outubro de 2024, a espiritualidade semanal realizada com colaboradores(as) da Sede Administrativa da Província relembrou do encontro que despertou Champagnat para a criação do Instituto dos Irmãos Maristas. | Foto: João Borges/ OR PMBCS.

Figuras representativas no Encontro de Champagnat com o jovem Montagne

Quem é o animador neste encontro entre Champagnat e Montagne? E quem é o animado? À luz dos conceitos, entendemos que Champagnat é o animador, e o jovem Montagne, o animado. Champagnat cumpre seu papel: vai em busca do jovem “perdido”, doente e moribundo, que respira apenas o suficiente para ouvir suas palavras.

Mas poderíamos também atribuir ao jovem o papel de animador. Mesmo em desolação, Montagne inspirou Champagnat a realizar seu projeto. Embora o jovem tenha falecido, Champagnat saiu desse encontro “animado” a dar vida a sua obra. Assim, o animador se torna o animado, e o jovem, transformado e preparado, acaba por ser uma inspiração para Champagnat.

Champagnat encontra o jovem montagne enfermo. | Arte: Reprodução/ maristasdechampgnat.org

O encontro com o jovem Montagne despertou em Champagnat reflexões profundas e uma grande vontade de agir. Ele compreendeu que essa situação não era um caso isolado, mas uma realidade presente em muitas famílias. Impulsionado pela urgência de fazer algo, meses depois Champagnat decidiu fundar o Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria, dando início à obra que conhecemos hoje.

Além do simbolismo espiritual e emocional desse episódio, destaca-se a atitude de Champagnat em ir ao encontro do outro. Marcelino caminhou uma longa distância até a casa do jovem, independente das crenças de quem o chamara.

Diretor Executivo da OR PMBCS aprecia cartão com a obra “O Encontro” e a reflexão escrita pelo Ir. João Batista. | Foto: João BorgeS/ OR PMBCS.

Os Animadores Vocacionais dos dias de hoje também vão ao encontro dos jovens. Em nossa busca, encontramos jovens nem sempre interessados na vida marista ou no chamado a ser irmão, mas continuamos a animá-los, oferecendo palavras de alento e apoio. Mesmo que não ingressem em uma casa de formação marista, animamos esses jovens para responder ao grande chamado de Deus para uma vida plena e com sentido. O animador os encoraja a serem fraternos, justos e solidários, independentemente de suas crenças.

Relembrar esse marco da história marista nos ajuda a reconhecer a essência e a urgência de nossa missão. Quem são os Montagne de hoje? Onde estão? Estamos dialogando com as crianças e jovens sobre o infinito amor de Deus por elas?

Conclusão

Embora tenham se passado mais de dois séculos, esse ensinamento continua tão atual quanto no tempo de Champagnat. Somos chamados a perpetuar o encontro entre Champagnat e Montagne, a sermos sempre animadores, mas também abertos a sermos animados. Nossa missão é caminhar em direção aos Montagnes que Deus coloca em nossas vidas a cada dia, e também estarmos abertos a viver as experiências de Montagne, abrindo nosso coração, escutando, fortalecendo-nos e transformando-nos.

Por fim, lembremo-nos de que o coração do Animador é acolhedor. Assim como Champagnat acolheu o jovem Montagne, independente de fé, idade ou classe social, somos convidados a ir ao encontro com o coração aberto, prontos a mostrar um novo caminho, lembrando que, no coração de Champagnat, todos nós somos Montagnes.