Hoje celebramos os 24 anos da canonização do padre Marcelino Champagnat. Nesse dia, em 1999, nosso fundador era reconhecido como santo da Igreja Católica. Era o final de um longo processo de canonização começado em 21 de julho de 1888 na diocese de Lião. Em 1920, o Papa Bento XV reconhecia as virtudes heroicas de Marcelino, conferindo-lhe o título de Venerável. Em 29 de maio de 1955, depois do reconhecimento de dois milagres, o Papa Pio XII o proclamou Bem-aventurado na Basílica de São Pedro. Foram necessários mais quarenta e quatro anos para que o reconhecimento tão esperado acontecesse. Em 18 de abril de 1999, o Bem-aventurado Marcelino Champagnat deixava de pertencer apenas à Sociedade de Maria e aos Irmãos Marista e passava a ser reconhecido como santo de toda a Igreja universal. Um momento de grande alegria e emoção para toda a família marista.

O que essa celebração nos leva a refletir? Em primeiro lugar, que a santidade é uma vocação universal a qual todos os batizados são chamados. Sendo uma vocação, é recebida com dom. No nosso caso, como Maristas, essa vocação vem acompanhada de um carisma e de uma espiritualidade que nos coloca na escola do seguimento de Jesus, do jeito de Maria, assim como fizeram São Marcelino e tantos Irmãos, leigos e leigas ao longo da história do Instituto.

O segundo aspecto que esta celebração nos recorda, pode ser contemplado na escultura do fundador realizada pelo artista Jimenes Deredia e que se encontra na Basília de São Pedro. Nela, podemos contemplar duas características de Marcelino que nos conectam com a missão e o carisma marista: força e ternura.

A força nos chega pela forma majestosa como o Padre Champagnat é apresentado. Trata-se de alguém que foi forjado, dia após dia, no discernimento da vontade de Deus. A força de sua santidade é também o reconhecimento dos inúmeros momentos de fragilidade que foram assumidos como crescimento e oportunidade de transcendência. Um exemplo clássico é a crise de 1826 e a experiência que dela deriva: “Nisi Dominus – Se o Senhor não constrói a casa em vão trabalham seus construtores” (Sl 126). A força de nosso fundador é forjada na consciência de que somos colaboradores de uma obra que é maior do que nós mesmos.

A ternura, é o segundo aspecto que nos chega da contemplação dessa imagem. A missão marista se expressa prioritariamente no rosto de crianças e jovens, em especial os mais vulneráveis. Eles estiveram no coração de nosso fundador durante toda a sua vida e no momento do reconhecimento universal de sua santidade de certa forma foram reconhecidos com ele por toda a Igreja. Quando contemplamos a imagem de São Marcelino não vemos um santo “isolado”, mas habitado pelas crianças e jovens que foram o propósito de sua vida e missão.

O terceiro e último aspecto a ser contemplado nessa imagem nos é recordado pelo documento Água da Rocha: “A imagem de Marcelino Champagnat, que ocupa um dos nichos da fachada externa da Basílica de São Pedro, mostra o Fundador carregando um menino sobre os ombros. Reconhecemos, nessa expressão artística, um símbolo da força inspiradora da espiritualidade Marista para o dia de hoje. Ilustra também a crença Marista de sermos carregados sobre os ombros de uma vigorosa tradição espiritual, capaz de nos conduzir a um futuro que realizará a promessa de vitalidade e esperança” (AdR, n.153).

Que a celebração de São Marcelino Champagnat nos inspire a trilharmos o caminho de nossa própria santidade, em comunhão com os homens e mulheres de nosso tempo, amém!