Além de Maria, a referência maior de mãe, a Bíblia traz outros exemplos de mães que tiveram trajetórias marcantes no caminho do povo de Deus. Algumas delas já não tinham perspectivas de serem mães, mas com o poder de Deus o final da história foi outro. Vamos falar de Sara, Ana e Isabel. Essas mulheres perseverantes e tementes a Deus podem nos inspirar.
Sara
O livro do Gênesis conta que Deus tinha prometido a Abraão uma descendência numerosa como as estrelas. O problema é que Sara, a mulher de Abraão, tinha idade avançada. Por isso ela aceitou, como era costume da época, que Abraão tivesse um filho com uma de suas servas, Hagar. Esse filho se chamou Ismael.
Alguns anos depois, Deus prometeu novamente a Abraão que ele teria um filho de Sara. Mas a dúvida persistia, já que ambos eram idosos. Então três anjos visitaram Abraão e trouxeram a boa nova: “Depois eles perguntaram: Onde está sua mulher Sara? Abraão respondeu: Está na tenda. O hóspede disse: No próximo ano eu voltarei a você. Então sua mulher já terá um filho” (Gênesis 18,9-12).
Tanto Sara quanto Abraão riram quando ouviram que ela teria um filho. Por isso Deus falou que o filho deles se chamaria Isaque, que significa “aquele que ri”: “E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua descendência depois dele” (Gênesis 17:19). Nove meses depois nascia Isaque, o herdeiro de Abraão, o sorriso de Deus, o presente de Sara.
Quando Sara faleceu, Abraão a sepultou na única propriedade que teve posse na vida. “Depois disso, Abraão sepultou sua mulher Sara na caverna do campo de Macpela, perto de Manre, que se encontra em Hebrom, na terra de Canaã. Assim o campo e a caverna que nele há foram transferidos a Abraão pelos hititas como propriedade para sepultura” (Gênesis 23,19-20). O pranto se tornou risada de felicidade. Outra história fala disso também.
Ana
Ana é a mãe do profeta Samuel, mas isso não foi um caminho fácil. Ela estava casada com Elcana, que também tinha outra esposa, Penina. Por ser estéril, Ana era constantemente humilhada por Penina e carregava esse peso de não dar herdeiros ao marido, enquanto a outra esposa dava descendência ao marido. Segundo a Bíblia, no entanto, Ana era a esposa favorita de Elcana, aumentando a inveja e a perseguição de Penina contra ela.
Em um momento de tristeza e desespero, Ana visitou o templo, onde fez um voto a Deus: “Ó Senhor dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao Senhor por todos os dias de sua vida” (1 Samuel 1,18). Ao sair, encontrou o sacerdote Eli, que lhe confortou e assegurou que a promessa a Deus seria cumprida.
Assim, Ana foi mãe de Samuel, que significa “Eu o pedi ao Senhor”. Anos depois, cumprindo a promessa, Ana levou Samuel ao sacerdote Eli, onde começou sua formação religiosa e depois virou profeta. Ana confiou que Deus lhe daria um filho e não desistiu. Em seu cântico, ela revela os sentimentos mais profundos: “Tenho o coração alegre, graças ao Senhor” (1 Samuel 2,1). Ana atesta que para Deus nada é impossível, e a próxima história fala disso também.
Isabel
Isabel e Zacarias eram de famílias religiosas e o marido era sacerdote no Templo. Eles se casaram e viviam uma vida seguindo os preceitos de Deus, mas viviam com o espinho de não poderem ter filhos, pois Isabel era estéril. Pessoas estéreis eram estigmatizadas porque isso era sinal de maldição divina.
Um dia, quando Zacarias estava no Templo, o anjo Gabriel visitou-o e contou-lhe que sua esposa estava grávida. Ele pediu ao anjo uma prova e assim ele ficou mudo até se completar o oitavo dia do nascimento do filho. Na tradição, nesse dia a criança deveria ser circuncidada. Quando Zacarias conseguiu falar novamente, anunciou que o nome do filho seria João, como dito a ele pelo anjo.
O importante papel de Isabel como mãe foi ajudar a pavimentar o caminho do filho, João Batista, para que ele preparasse a vinda de Jesus. Isso começou quando ela ainda estava grávida e recebeu uma visita de Maria. Quando o anjo Gabriel anunciou a Maria a própria gravidez, também falou que Isabel, que era prima de Maria, estava grávida, mesmo em idade avançada. No encontro das duas, houve muita alegria e reconhecimento das graças de Deus, que visita seu povo e lhe dá sustento.
“E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá, E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel. E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo. E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre” (Lucas 1,39-42).
As três mães, Sara, Ana e Isabel, são exemplos de confiança, de resistência e de leveza, pois reconhecem que Deus olha por elas e cuida com carinho.