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Ao longo da história, a Vida Consagrada Religiosa sempre contou com a presença de mulheres e homens comprometidos com Jesus Cristo e seu Reino. Pessoas que, por meio do amor de Cristo, lutaram pelos direitos, pela justiça, igualdade, educação e libertação do povo de Deus. Algumas histórias marcantes que podemos nos inspirar são da Irmã Dorothy Stang, Irmã Dulce, Madre Tereza de Calcutá e Pe. Champagnat. 

Vamos conhecer um pouco e depois refletir sobre a Vida Consagrada Religiosa? 

 

Irmã Dorothy Stang: vida consagrada em defesa de camponeses

 

Nascida nos Estados Unidos e naturalizada como Brasileira, a Irmão Dorothy dedicou sua vida no cuidado aos mais necessitados e na luta contra a violência no espaço agrário. Em meio a década de 70, quando havia uma forte disputa por terras entre grandes fazendeiros e pequenos agricultores, ela foi uma forte voz em defesa dos camponeses.

 

“Na área do atual município de Anapu a migração era desordenada e, em consequência, a situação das famílias, desde o começo, muito precária. Esse foi o ambiente em que irmã Dorothy entrou em cena e a fez tomar a decisão de apoiar os pobres na sua luta pela realização do sonho de ganhar o tão sonhado pedaço de chão”. Dom Erwin Krautler, bispo do Xingu

Veja também: Votos religiosos: o exemplo de Jesus para o caminho da fraternidade

 

 

Irmã Dulce: “seria melhor se houvesse mais amor”

 

Guiada pela fé, a história da Irmã Dulce tem igualmente em comum o amor e serviço aos mais necessitados. A vida consagrada de doação começou logo cedo, aos 13 anos. Na época, a pequena menina Maria Rita, nome de batismo, passou a abrigar moradores de rua em sua casa. Assim, dali em diante, descobriu sua vocação para a vida religiosa. Ao longo dos seus 78 anos realizou diversas ações missionárias, como criação de postos médicos e centros de atendimento. 

 

“Se Deus viesse à nossa porta, como seria recebido? Aquele que bate à nossa porta, em busca de conforto para a sua dor, para o seu sofrimento, é um outro Cristo que nos procura”, Irmã Dulce

 

Madre Teresa de Calcutá: vida consagrada dedicada “aos mais pobres dos pobres”

 

Semelhantemente, Madre Tereza de Calcultá testemunhou a misericórdia de Deus em favor dos mais pobres. Marcada pela fome e sede de justiça, declarou sua missão de “dedicar toda sua vida aos mais pobres dos pobres”. Iniciou o trabalho missionário nas ruas de Calcutá, na Índia, atuando especialmente na educação de crianças. 

 

“Nós podemos curar as doenças físicas com a medicina, mas a única cura para a solidão, para o desespero e para a desesperança é o amor. Há muitas pessoas no mundo que estão morrendo por falta de um pedaço de pão, mas há muito mais gente morrendo por falta de um pouco de amor. A pobreza no Ocidente é um tipo diferente de pobreza – não é só uma pobreza de solidão, mas também de espiritualidade. Há uma fome de amor e uma fome de Deus”, Madre Tereza de Calcutá

 

São Marcelino Champagnat: exemplo de fidelidade à vocação

 

A vida missionária dedicada aos mais vulneráveis também iniciou cedo para Marcelino Champagnat, fundador dos Irmãos Maristas. Aos 14 anos já sentia o chamado de ajudar aqueles que mais precisavam e, ao longo da sua vida, foi exemplo de fidelidade à vocação. 

Diante de um cenário de dificuldades econômicas e sociais na França, em meio à Revolução Francesa, Marcelino vivenciou o dom de ajudar crianças e jovens, especialmente as mais vulneráveis.Dessa forma, viveu o carisma de tornar Jesus conhecido e amado entre todos e nos deixou lições como o perdão, respeito, obediência, amor ao próximo, caridade, oração, fidelidade e inspiração em Jesus e Maria. 

 

“O espírito de vossa vocação é um espírito de humildade; vossa vida deve ser humilde, oculta e desconhecida do mundo; é pela prática diária da humildade que trabalhareis em vossa santificação e na de vossos alunos. Em uma palavra, esta virtude é o carimbo e forma da congregação.”, São Marcelino Champagnat

 

Leia também: Santa Teresinha e Marcelino Champagnat: frases religiosas sobre missão

 

Como essas histórias nos inspiram a sermos fontes de esperança em nossos tempos?

 

Talvez, mais que em outras épocas, somos convidados a revisitar nossas origens e beber da fonte dessas pessoas que tanto lutaram pelo bem comum. Isso nos faz seguir os passos de Jesus, que nos deu uma lição de humanidade e amor ao próximo. 

Somos frutos da ação do Espírito Santo, que nos convida e inspira a sermos também hoje criativos e audaciosos na vocação e na missão a que somos destinados. Desde pequenos, somos estimulados ao novo, às novidades, ao entendimento do mundo e ao seu aperfeiçoamento. Dessa forma, faz parte da nossa liberdade humana corresponder a esse chamado.  

Também precisamos ouvir as vozes de nossos tempos. Em meio a imagens, discursos, atitudes egoístas e de indiferença para com o próximo, somos convidados ‘a olhar o outro’. Logo, essa atitude nos coloca em sintonia com os sentimentos do próximo e possibilita a interação profunda de fraternidade.

 

A que somos chamados?

 

Antes de tudo, somos chamados a deixar-se amar por Deus. Um amor que não impõe condições, simplesmente ama. É o amor do ‘agora’, do tempo de Deus:

 

“Um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.” (2Pedro 3,8).

 

Esse amor incondicional ultrapassa os limites da compreensão humana. Isto é, ele nos faz perdoar e pedir perdão, torna nossos corações mais humildes e nos pede uma escolha. Decisão que às vezes é exigente e pode levar tempo para entendermos. Mas ela está ali, na vontade de Deus em nos dizer algo e apontar caminhos.

Dessa forma, não existe “dica” pronta para o seguimento de Jesus e para o amor sem condições. A resposta vem ao longo do caminhar, assim como fizeram os discípulos de Emaús (cf Lc 24,13) e tantas pessoas. É nesse processo que se nos vai abrindo os olhos,  percebemos que Jesus está ao nosso lado em todos os momentos e que também queremos caminhar com Ele. É um querer de mão dupla: o de Jesus e o nosso.

Ao findar a nossa vida, se dá o último “chamado”, o encontro “face a face” (cf 1Cor 13,12), nossa vocação ao amor incondicional para sempre. Que o Senhor nos inspire e ajude a darmos respostas de amor durante a vida, sem medo de errar, de acertar e ser feliz.

Leia aqui a reflexão completa do Ir. Marcondes Bachman

Para se aprofundar: Consagração Religiosa: como podemos vivenciar esse chamado?