Marcelino Champagnat era um sacerdote recém-ordenado quando decidiu começar uma obra para mudar a vida de crianças e jovens pobres como ele. E, assim, transformar também a comunidade ao redor. Deste homem simples do campo, de sua confiança no amor de Deus e sua vontade de seguir os passos de Jesus é que nasceu a espiritualidade Marista. Uma espiritualidade que é, em primeiro lugar, cristã, que tem como ponto de partida o encontro com Cristo. E que se desenvolveu a partir da figura de Maria, como modelo de seguimento dos ensinamentos do Salvador.
Jeito simples e determinado de viver
Seu jeito de viver – determinado, corajoso, entusiasmado e justo – inspirou os jovens que o seguiram e que fizeram parte da fundação do Instituto Marista. Com simplicidade, generosidade e humildade, acolheu a todos e mostrou que cada pessoa é importante e tem potencial para colaborar com a sociedade. Com linguagem simples, exemplos e simbolismos acessíveis, Champagnat tocou e continua tocando corações.
O carisma Marista incorpora essas virtudes do fundador, por isso podemos dizer que nossa espiritualidade também nasceu da experiência de Marcelino em sentir-se amado por Jesus e chamado por Maria. E por compartilhar com os outros essa graça e sua maneira de compreender o mundo e se relacionar com os outros.
“A história da nossa espiritualidade é, em verdade, muito simples. É a história de mulheres e homens que sentiram uma sede que só Deus é capaz de saciar” (Água da Rocha, p. 39).
Espírito de família
Retomando o jeito de ser de Champagnat e dos primeiros Irmãos, nota-se um verdadeiro espírito de família, que perdura até os dias atuais. Para um Marista, relacionar-se com os outros é essencialmente ser irmã ou irmão deles. Ou seja, a espiritualidade também é comunitária, alcançando a sua melhor expressão e vivência em família ou em comunidade.
Amor e perdão, ajuda mútua e apoio, priorização dos interesses coletivos em detrimento dos interesses puramente individuais, abertura ao diálogo e aceitação das diferenças são alguns dos aspectos que decorrem deste espírito.
Espiritualidade Apostólica
Outra característica marcante da espiritualidade Marista é sua dimensão apostólica, que considera Maria como a primeira discípula de Jesus, modelo de amor pelos pobres e de acolhimento da mensagem de Deus. Sendo assim, a nossa espiritualidade deve ser vivida não somente pela palavra, mas também pelo testemunho de vida.
Voltando o olhar para a prática, compreendemos também que a espiritualidade é uma experiência dinâmica e presente no cotidiano, que inspira contemplação, oração e ação, conforme as necessidades de cada tempo. Chamados por Jesus e Maria, somos enviados em missão, para anunciar a Boa Nova de Deus, em especial às crianças e aos jovens marginalizados da sociedade.
Vivenciando a fraternidade do carisma compartilhado, acolhemos a vida religiosa e também a importância da atuação laical. Exercitamos essa espiritualidade marial e apostólica por meio de diversos projetos, nas ações diárias de Irmãos, Leigos, Leigas, Jovens, Colaboradores e Voluntários. Fundamentado no Evangelho e seguindo sua vocação, cada um vivencia a espiritualidade de maneira prática, relacional e afetiva.
Símbolos da espiritualidade Marista
Muito presentes nos ambientes Maristas estão os principais símbolos religiosos de nossa espiritualidade: os quadros de São Marcelino Champagnat, da Boa Mãe e das três violetas, que nos lembram a simplicidade, a humildade e a modéstia.
O símbolo da violeta foi escolhido desde os primórdios do Instituto, como parte da identidade Marista. Mesmo pequena, não chamativa e escondida entre as folhas, a violeta embeleza os ambientes onde está.
Champagnat ensinava que os Maristas devem fazer o bem sem alarde, que não devem ser espalhafatosos, arrogantes ou inacessíveis. A partir deste ensinamento, reconhecem suas potencialidades e limitações, buscando o aprendizado constante, mantendo a integridade e a transparência.
Rios de água viva
Inspirados pelo exemplo de seu fundador, os Maristas de Champagnat acreditam que sua espiritualidade é uma graça de Deus a ser partilhada com a Igreja e com o mundo, como rios de água viva que levam ainda mais vitalidade e amor por onde passam.
“O nosso modo de vida deve tornar as pessoas felizes. Não como extroversão cômica ou humorística, mas sim como um profundo contentamento experimentado por quem encontra, além de maravilhosos companheiros de jornada, sentido e razão para a vida” (Água da Rocha, p. 65).