No dia 4 de dezembro de 2022, a Igreja celebra o 2º Domingo do Advento. Ou seja, do período de preparação para o Natal.
Em seguida, confira o texto que João Luis Fedel Gonçalves compartilha conosco sobre este domingo. Ele é colaborador da Diretoria de Identidade, Missão e Vocação da PMBCS. E elaborou uma reflexão repleta de referências a narrativas com significados que se entrelaçam e nos fazem pensar na importância da contemplação. Assim como nos sugere a obra de Dom Ruberval Monteiro que retrata Maria sentada com o Menino Jesus ao colo, e que ilustra nossa campanha de Natal.
A saber, a liturgia desta data engloba leituras do Livro do Profeta Isaías (11,1-10) e da Carta de São Paulo aos Romanos (15, 4-9), bem como o Evangelho de Mateus (3, 1-12).
4 de dezembro de 2022
2º Domingo do Advento
Contemplação que transforma
No conto Cara-de-Bronze, de Guimarães Rosa, um grupo de vaqueiros conversa com um deles, Grivo, que tinha saído sertão afora, a pedido do patrão, o Cara de Bronze, para observar tudo e depois contar o que viu: “Homem, não sei, o Grivo voltou demudado. Já sabe calar a boca… Aprendeu a fechar os olhos… Sabe não ter medo. Como pessoa que tivesse morrido de certo modo e tornado a viver…” E Grivo concorda: “Isso mesmo! Todo dia, toda manhãzinha, amigo”.
A visão do mundo, de sua vastidão, transformou Grivo, porque ele se dispôs a olhar com atenção, a se deixar penetrar pela realidade, boa e ruim, a ver as pessoas, a se encontrar com elas ali onde estão. Em muitas situações, isso significou se calar e até fechar os olhos. A contemplação envolve nossos sentidos, mas não os exige. Trata-se bem mais de uma atitude, de um jeito de ser e de estar no mundo.
O ícone, como o sertão do Grifo, precisa ser percorrido com o olhar de contemplação. Na obra de Dom Ruberval, somos imediatamente impactados pela intensidade do fundo vermelho terroso. A cor escarlate acena às realidades humanas, ao mundo criado, em todas as suas nuances. Observamos então Jesus e Maria, cujas vestes misturam vermelho e azul. Ela foi assumida pela Graça, ele assumiu a condição humana. O Verbo se faz carne no ventre de Maria.
O profeta Isaías nos ensina a captar a presença divina em nossa realidade terrosa. Nesse mundo, ao ser invadido pelo Espírito do Senhor, a violência que preside muitas das relações entre os seres é transformada, “demudada”, pelo olhar que contempla: “A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas. O leão comerá palha como o boi. A criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa”. Como isso é possível? É que “a terra está repleta do saber do Senhor”. O celeste se mistura ao escarlate e o transforma.
João Batista tem um jeito diferente para falar dessa presença divina. Suas roupas, sua atitude e suas palavras desafiam nosso olhar já anestesiado ante as contradições do mundo. “Deus é nosso”, “Abraão é nosso pai”, assim nos defendemos. João ironiza essa atitude: “Até mesmo das pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão”. A contemplação, em lugar de nos entorpecer, nos abre para a transformação: “Produzi frutos que provem a vossa conversão”, provoca João.
Para se preparar para o Natal, é preciso rever nosso modo de olhar, de contemplar a vida e o mundo. Em outra obra, Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa narra o momento em que Miguilim, cuja miopia limitava enormemente seu campo de visão, põe pela primeira vez óculos: “Miguilim olhou. Nem podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente. O Mutum era bonito! Agora ele sabia”.
Campanha de Natal
Nossa campanha de Natal traz luz para o versículo bíblico: “E paz na terra aos seus” (Lc 2,14). Uma mensagem que nos faz lembrar que o desejo de paz à humanidade foi dos primeiros frutos do nascimento de Jesus.
>>> Veja mais sobre a campanha.
Além disso, deixamos o convite para uma Celebração Eucarística no dia 6 de dezembro, às 8h30, na Paróquia Jesus Mestre, no Câmpus Curitiba da PUCPR, com transmissão pelo canal da Universidade no Youtube.