Os três primeiros lugares – presépio, cruz e altar – são temas para meditação individual que Champagnat indicou para os Irmãos, dizendo-lhes que são grandes fontes de graças, onde a espiritualidade Marista se alimenta e se fortalece, dando sustento para a vida apostólica, para a vida ativa à qual os Irmãos são chamados. São três púlpitos que proclamam fortemente o grande amor de Jesus por nós. 

Ao pé da cruz. Essa meditação nos leva a contemplar o mistério da redenção com a doação da própria vida que Jesus faz, sujeitando-se à vontade do Pai. Nos leva a refletir sobre o problema do sofrimento, da morte, do amor-doação e da confiança que se deve depositar na ação salvadora de Deus. 

Atualmente, por causa da pandemia, toda a humanidade, por assim dizer, se encontra ao pé da cruz, confrontando-se com situações de sofrimento, de medo e mortes, como consequência do vírus da Covid-19.  

Champagnat também viveu uma situação parecida, quando precisou confrontar-se com a morte seguida de cinco familiares seus, todos infectados por doença fatal. O fato é narrado no Bulletin de l´Institut nº 218, p. 568, reportando-se ao Irmão Avit no seu Anais do Instituto, livro que está sendo traduzido. 

Eis o fato: 

Em outubro de 1833, Champagnat alojou em l´Hermitage (em alguma dependência à parte) seu irmão Jean-Pierre, com quatro de seus filhos. Acolheu-os num gesto de caridade, para que pudessem receber tratamento melhor durante a doença que os infectara e para que, em casa, a esposa com as outras duas filhas não ficassem contagiadas também. Todos morreram em l´Hermitage e foram enterrados no cemitério da comunidade. O pai, Jean-Pierre, morreu ainda em 1833; depois, a partir de 1834, foram morrendo: o sobrinho Jean-Barthélemy, com 18 anos; a sobrinha Marie-Anne, com 14 anos; o sobrinho Jean-Baptiste, com 5 anos; e, ainda, o “pequeno Marcelino, sobrinho do Fundador que, sapeca, com 5 anos, corria pelos corredores da casa”.

Eis aí Marcelino ao pé da cruz, de uma cruz concreta em sua vida, sofrendo a dor da perda seguida de entes muito queridos, apesar de seu gesto de ajuda e acolhimento.

São Marcelino Champagnat, protegei-nos e salvai-nos!

 

Ir. Ivo Strobino