Desde que teve início o período de distanciamento social, a Província Marista Brasil Centro-Sul vem desenvolvendo uma série de iniciativas em prol de pessoas que estão passando dificuldades. Essas ações tiveram inspiração no próprio carisma Marista, na mensagem principal de Páscoa da PMBCS e na Campanha da Fraternidade 2020.
Neste ano, a CF traz como tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e o lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34). E o cenário causado pela Covid-19 deixou ainda mais evidente a necessidade de pensá-la de maneira mais ampla.
Embora parte das atividades planejadas tenham sido temporariamente canceladas, outros “bons samaritanos” passaram a se destacar. Seja no acolhimento e no tratamento dos enfermos, na manutenção dos serviços essenciais, na produção de equipamentos de proteção individual ou em outros atos de solidariedade.
Depoimento de um profissional da área da saúde
Sidnei Evangelista da Silva é psicólogo e atua no setor de Identidade, Missão e Vocação da área da saúde do Grupo Marista desde 2013. Ele conta que sua trajetória na Vida Marista tem sido marcada por muitos ensinamentos no que tange ao crescimento pessoal, profissional e espiritual. Nesse aspecto, fazer parte da área da saúde tem sido muito significativo, principalmente nos tempos atuais.
“Cada dia, cada encontro com os pacientes, familiares ou meus colegas e amigos colaboradores são oportunidades de trocas enriquecedoras. Nos deparamos, inúmeras vezes, com situações desafiadoras. Outras que nos frustram. E outras que nos geram gratidão através de nosso trabalho e a atividade de ‘servir’ o próximo que talvez esteja enfrentando seu pior momento de fragilidade física, emocional ou espiritual”, observa.
Educação para a solidariedade
Até hoje, em seu dia a dia, Sidnei também emprega muitos dos aprendizados que teve durante sua participação em um itinerário formativo do Voluntariado Internacional Marista. Foram 10 meses vivendo em Mejicanos, na periferia da capital de El Salvador, em uma comunidade junto aos Irmãos. Além da interculturalidade, o olhar fraterno e de respeito pela vida foram ainda mais desenvolvidos.
“Minha atividade consistia em acompanhar crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem, de conduta e casos complexos de abusos e violência. Apoiava o setor da Pastoral Juvenil e Vocacional, o que me permitiu conhecer e conviver com as realidades sociais dos países da América Central onde há presença Marista. Foi uma verdadeira experiência de educação para solidariedade. Uma escola de humanidade que não se aprende na teoria e sim na vivência e na prática”, relata o psicólogo.
Outro aprendizado da época de voluntariado que pode ser relacionado ao período atual de pandemia é sobre confinamento. “Já que pelo vírus da violência exacerbada que assola, infelizmente, os países da América Central, principalmente El Salvador, experienciei o que o confinamento de certo modo, o medo e demais sentimentos que emergem em situações desconhecidas”, recorda.
Fraternidade em tempos de pandemia
Nesse tempo repleto de desafios, Sidnei tem vivenciado sua vocação, dando apoio emocional e espiritual às equipes dos hospitais, junto às lideranças. “Mais do que nunca, temos vivido e tenho visto colegas e profissionais engajados com os valores e a missão Marista, no cuidado e dedicação à vida”, enfatiza.
“Ainda que com medo, frente a um inimigo desconhecido, não temos recuado. Não têm sido dias fáceis. Mas não deixamos de acreditar em dias melhores. Nesses tempos difíceis, estamos aprendendo o quanto a cooperação e solidariedade são extremamente importantes. O quanto é essencial celebrar o retorno de cada colega ao trabalho ou o retorno de nossos pacientes a suas casas. Cultivamos o olhar e sentimentos de esperança. E cada retorno renova nossas energias para seguir exercendo a vocação a qual fomos chamados e dissemos sim: defender a vida e a dignidade humana. Isso nos fortalece. Nos faz seguir em frente com muito amor ao trabalho e empatia, sendo faróis de esperança, levando luz e brilho às pessoas ao nosso lado”, pondera Sidnei.
Esse propósito de defesa da vida tem tudo a ver com a Campanha da Fraternidade. E toda essa experiência, certamente, ficará na memória como um momento profundo de transformação. “Penso que um dos grandes aprendizados para levarmos adiante, após essa pandemia, é que possamos de fato ser mais humanos, solidários uns com os outros e com o planeta. As coisas não devem retornar ao normal. Precisamos de fato nos transformarmos em pessoas melhores a partir desse momento”, conclui o profissional.
Continuidade da Campanha da Fraternidade
Que assim como Ir. Dulce, que inspira a Campanha da Fraternidade atual, dedicou sua vida aos mais necessitados das terras baianas, possamos ser os bons samaritanos de nosso tempo e espaço, ajudando a melhorar o mundo a partir das nossas experiências e atitudes.
Tão importante quanto os eventos e atividades da campanha realizados durante a quaresma, são as ações que vêm depois, a fim de fortalecer o tema na prática. Ações para construção de uma verdadeira cultura solidária e de cuidado com a vida, especialmente para quem mais precisa.
Por isso, nos próximos meses, é preciso dar continuidade a esses esforços. Tanto para realizar o que ainda não foi possível por causa da pandemia, quanto para criar novas formas de atuação.