Para os Maristas de Champagnat, o dia 21 de janeiro é uma data para recordar a trajetória de vida e obra do Irmão Basílio Rueda. Há 27 anos, ele era chamado para a vida eterna junto ao Pai, depois de uma vida dedicada à missão marista. Sobretudo como 9º Superior Geral do Instituto Marista.
Com o intuito de relembrar essa história, Angelo Ricordi – especialista da área de Identidade, Missão e Vocação da PMBCS – reuniu informações sobre a biografia do Ir. Basílio. Bem como de sua relação com a espiritualidade.
Confira em seguida o resultado dessa pesquisa:
Ir. Basílio Rueda – 9° Superior Geral dos Irmãos Maristas (1967-1985)
Dados biográficos
Ir. Basílio Rueda Gusmán nasceu em 16 de outubro de 1924, em Acatlán de Juarez, Jalisco, México. Em 23 de julho de 1942, ingressou na Casa de Aspirantes Maristas em Tlalpán, DF. Em 1947, iniciou seu trabalho como professor primário no Instituto de Querétaro. De 1957 a 1961, trabalhou no ensino superior no Centro Universitário México, na capital do país. Neste mesmo período foi graduado como Mestre em Filosofia, com a publicação de sua dissertação “Ser e Valor”.
De 1961 a 1965, obteve autorização especial do Instituto para trabalhar com o Padre Lombardi na direção do Movimento por um Mundo Melhor, em Quito, no Equador. Por dois anos, foi o Diretor do Segundo Noviciado em Siguenza e El Escorial.
No dia 24 de setembro de 1967, foi eleito como 9º Superior do Instituto dos Irmãos Maristas. Foi reeleito em 1976 para um segundo mandato à frente do Instituto Marista. Sob seu mandato, foram desenvolvidas as novas Constituições apresentadas e aprovadas no Capítulo de 1985.
De volta à sua terra natal (México), aproveitou de um ano sabático dedicado à oração e estudos pessoais. Na sequência foi nomeado Mestre do Noviciado Interprovincial do México, em Tlalpán, DF. Foi responsável pelo curso internacional para mestres de noviços, em 1990, em Roma, na Itália. Faleceu no México, em 21 de janeiro de 1996.
Um tempo sabático*
*Texto adaptado do Caderno 13 – Diário Pessoal e Notas Espirituais (Grandes Exercícios, 1986) organizados pelo Ir. Giovanni Bigotto, fms.
Em 1985, depois de 18 anos como Superior Geral, Basílio é sucedido pelo Ir. Charles Howard no governo do Instituto dos Irmãos Maristas. É um homem relativamente jovem, com 61 anos. Contudo, sua saúde está comprometida por todo o esforço exigido ao longo do seu governo à frente da Congregação.
Ele recebeu um período sabático que vai utilizar para o aprofundamento de sua vida espiritual. As reflexões que compartilhamos nesse pequeno artigo são notas espirituais retiradas dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, realizados por Basílio entre os dias 15 de abril a 15 de maio de 1986, em Cuernavaca, México.
A mística de Basílio
Basílio tem a intuição de que Deus o espera no retiro para um apelo especial. Esses Exercícios serão diferentes de outros já feitos. Desde o primeiro dia, ele dispõe seu coração a ser generoso. Na página 2, depois de ter observado que está tomado de ternura, sublinha o fim último do retiro: dar uma nova ordem à própria vida.
“Necessito consolidar minha conversão e desembocar numa segunda conversão. Esta conversão me pede energia, verdade, coragem… Preciso queimar meus barcos para que o futuro me conduza a uma vida sem pecado e sem infidelidade… Sinto claramente insuficiente a resposta dada ao Senhor até o presente, e a necessidade de viver em um mais alto grau de generosidade e de entrega… Renascer à santidade, isto é, ser um homem de grandes ideais, muito longe das medidas médias e de pequenas respostas quando poderia dá-las grandes. Portanto, renascer ao ideal de uma grande intimidade com Deus e uma vida intensa de oração, esforçando-me por ir segundo o ritmo, a vontade e a graça de Deus para os níveis superiores”.
Nós nos encontramos diante da sensibilidade de um homem de Deus. Para nós, Basílio já era um santo, um homem extremamente generoso; ele se vê ainda longe, imperfeito, egoísta, quando Deus lhe pede de ser generoso. Essa não era a percepção do pregador do retiro, padre Francisco Migoya:
“Dois aspectos me marcaram fortemente: antes de tudo o dom da oração. A partilha de suas orações era profunda, original, sincera, espontânea. Era verdadeiramente sua vivência interior, sua relação pessoal com o Senhor e eu via um homem invadido por Deus. Sua humildade foi a outra constante destes trinta dias”.
Foram trinta dias de retiro, de lutas e consolações. Contemplação e secura se alternam. Estes dois componentes formam a trama de sua oração até o último dia, 15 de maio:
“À noite me levanto e vou duas horas à capela; é uma noite de graça. O Senhor me faz dom de uma meditação, com os dois discípulos de Emaús, muito calma, muito íntima, sem o fogo excepcional dos grandes momentos dos exercícios, mas bem de Deus. Em seguida vem a segunda parte desta oração, a tarefa muito importante deste dia: confrontar diante de Deus, com meu coração e minha consciência, o plano de vida e as resoluções… Com a maior sinceridade possível, examinei uma a uma as resoluções, e com alegria me vi perfeitamente retratado em cada uma e queria trabalhar cada uma para levá-la seriamente e progressivamente à vida… No final do exame senti necessidade, como o Pe. Champagnat, de colocar minhas resoluções, aos pés do altar e o fiz com devoção. Num certo momento, percebi claramente, na paz e na dilatação do coração, como nunca experimentara em minha vida (pelo menos que me lembre), que as resoluções, em todas as suas partes, não somente eu as havia tomado com a vontade e o coração, mas que Deus as queria. Isto é, era isso e não outra coisa que Deus queria… Experimentava portanto, um estado de paz que nunca havia usufruído antes e que confirmava as resoluções. Terminei a oração louvando o Pai, o Filho, o Espírito Santo e a Santa Virgem Maria rendendo-lhes graças”.
Estes Exercícios de Santo Inácio se desenvolvem de 15 de abril a 15 de maio de 1986. Eles se encaixam no quadro geral dos seis meses sabáticos que Basílio recebeu depois dos 18 anos como Superior Geral.
Começa um período novo na sua vida. Volta à sua Província depois de uma ausência de 25 anos; experimenta a necessidade de uma segunda conversão. Suas reflexões revelam-nos um homem generoso e de oração sincera. Coloca-se disponível à vontade de Deus e pede ao Senhor Jesus, o Amigo, o Amado, ser o centro de sua vida. À tarde ele passeia no jardim, com a Boa Mãe, de quem aprende a disponibilidade e lhe confia os cuidados e a oração do dia.
Superiores Gerais
Quer saber mais sobre o Ir. Basílio? Então assista ao vídeo, inspirado em um dos capítulos do livro Nossos Superiores Gerais.
Leia também
>>> Basílio Rueda: relatos sobre amizade, esperança e compreensão
>>> Ir. Basílio Rueda: um homem universal, líder educativo e Irmão entre seus Irmãos