Participar das ações da Campanha da Fraternidade Ecumênica pode ser uma das formas de vivenciar o Tempo da Quaresma ativamente. Uma oportunidade para vivermos o amor como serviço ao próximo e colocar em prática a nossa fé. De agir como o Bom Samaritano, cuidando de quem precisa e, sobretudo, respeitando e dialogando.

Em 2021, o tema que orienta essa grande iniciativa é “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor”. Acompanhado pelo lema “Cristo é a nossa Paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Efésios 2, 14). 

Cultura da paz

Em sua 57ª edição, a campanha reúne diversas denominações cristãs que integram o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). E assim como praticamente todo o processo de organização, o lançamento da CFE foi realizado de maneira virtual, mantendo as medidas de prevenção da Covid-19, na Quarta-feira de Cinzas (17/02).

No texto-base, os promotores da campanha expõem suas expectativas em relação à conscientização proposta: “Queremos que ela ajude a florescer a cultura da paz como consequência da transformação de todas as estruturas desiguais como o racismo, a disparidade econômica, de todas as formas de segregação, geradoras de conflito e violência, concretizando, assim, a oferta de Cristo: ‘Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude’ ( Jo 10,10)”.

Mensagem do Papa Francisco 

A seguir, apresentamos a mensagem que o Papa Francisco enviou aos fiéis brasileiros, neste primeiro dia da Quaresma, em virtude do início oficial da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021.

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. 

Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). 

Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli Tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.

Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». 

De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).

Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). 

A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis. Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim”.

Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021.


Papa Francisco