Mais de 60 anos de Vida Consagrada. Décadas dedicadas à vida religiosa e, sobretudo, à missão marista. É a partir dessa experiência que o Ir. Afonso Levis compartilha conosco um pouco da sua história. Bem como alguns pensamentos sobre o cultivo das vocações.

O chamado e como tudo começou

Ir. Afonso realizou sua primeira profissão religiosa no dia 21 de dezembro de 1960. Mas sua caminhada para desenvolver a vocação de ser Irmão Marista teve início em fevereiro de 1955. 

“A chamada a ser Irmão Marista veio depois que um Irmão passou na família de meus pais e, falando com eles, disse-lhes que se eu quisesse entrar no Juvenato, ele estaria disposto a me levar. Pela minha cabeça já passava a vaga ideia de ser padre”, conta.

Primeiramente, ele ingressou no Juvenato Marcelino Champagnat, que ficava no alto das Mercês, em Curitiba. Na época, entrou como aluno na chamada quarta série primária ou admissão.

De certa maneira, sua família foi essencial para a escolha do caminho a seguir. “As conversas de minha mãe me incentivavam a olhar pelo viés religioso. Além do mais, eu tinha parentes, tios, primas que eram sacerdotes, Irmãos Maristas e Irmãs Religiosas. Isto originava, para mim, um clima propício para uma resposta de entrega da minha vida a Deus, a serviço do próximo, recorda Ir. Afonso.

Vocação marista como um compromisso de amor

A Semana Vocacional Marista 2021 nos faz compreender que seguir a vocação é um compromisso de amor. Nesse sentido, Ir. Afonso explica: “Com certeza, toda vocação é um apelo a viver o amor em uma ou várias de suas infinitas facetas e modos de expressá-lo e concretizá-lo”.

Além disso, ao traçar um paralelo com o lema “O que eu posso fazer para tornar o mundo melhor?”, o Irmão fala sobre a importância de vivenciar sua vocação.

“Sinto e percebo, com a certeza do coração, que Deus me chamando, abençoa minha atuação apostólica. Vejo que a vocação de Irmão é válida e muito necessária para os tempos atuais. Meu testemunho de vida, meu agir, dentro do carisma e seus valores, sempre buscando ser coerente e autêntico, pode suscitar o despertar e o compromisso de outras pessoas em favor do bem, do próximo, por amor a Deus. Isso é um jeito de melhorar relações e, consequentemente, o mundo. Outro modo é o de eu interceder a Deus em favor do próximo. Deus conduz a história e chama a todos para viver, em fraternidade, o seu apelo de amor”.

Animação vocacional

A saber, atualmente Ir. Afonso atua como animador vocacional da Província Marista Brasil Centro-Sul. Perguntado sobre o que é preciso para exercer esse papel, ele responde:

“Que a pessoa vá sentindo que Deus a chama para essa missão. E que ela, em espírito de fé, acolha esse chamado e, humildemente agradecida, se empenhe em responder cada vez mais generosamente. Também procurará capacitar-se dentro do conhecimento e das habilidades necessárias para bem compreender e realizar o processo de acolher os(as) vocacionados(as) e ajudá-los no discernimento do respectivo chamado. Ter um espírito de despojamento para dispor-se a acolher ‘resultados’ nem sempre conformes ao esperado ou ao projetado, porque vocação é dom de Deus”.

Reflexão sobre o chamado vocacional

Sem dúvida, atualmente as congregações enfrentam um grande desafio relacionado à entrada de novos vocacionados na vida religiosa. Por isso, esse assunto é mais que pertinente durante o Mês Vocacional.

Costurando passagens bíblicas, documentos maristas e lembranças de conversas que teve sobre o contato com os jovens, Ir. Afonso escreveu uma reflexão sobre o chamado vocacional. Uma mensagem repleta de ensinamentos. 

“A sintonia com o olhar e o coração de Deus e a inspiração do Espírito Santo fazem “ver” qualidades, potencial, talentos, condições na pessoa chamada, e ter audácia para convidá-la a responder afirmativamente. O animador vocacional ajuda a perceber os sinais de vocação, a discernir a voz de Deus entre tantas vozes que atordoam os ouvidos e o coração do vocacionado”, destaca. 

>>> Acesse a carta do Ir. Afonso na íntegra.

Que possamos nos inspirar nesse exemplo de amor. E, assim, também proporcionarmos espaços de acolhimento para as vocações que encontrarmos pelo nosso caminho.

 

Foto: Pablo HeimplatzUnsplash