O Ir. Anacleto Peruzzo nasceu no dia 14 de julho de 1968, na cidade de Xaxim (SC). Fez seus Primeiros Votos em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, em 8 de dezembro de 1991, e os Votos Perpétuos, no dia 23 de agosto de 1998, em sua cidade natal. Hoje, é Diretor de Vida Consagrada da Província Marista Brasil Centro Sul.
Chamado para vida religiosa
Vindo de uma família muito religiosa, a vocação para ser Irmão Marista nasceu nesse berço. “Meu pai era Ministro da Eucaristia e, aos domingos, eu o via celebrando”, conta o Irmão. Também, lembra que seus irmãos participavam da liturgia. Havia um movimento da família na Igreja e que continua ainda hoje.
Para o Irmão, outro fato que favoreceu o seu chamado, foram as missas celebradas pelos Freis Franciscanos, na comunidade, uma vez ao mês. Em algumas ocasiões, era preciso acolher os freis em casa porque “as outras famílias não queriam acolher os Freis para um café, um almoço ou uma janta; assim eles acabavam lá em casa, pois a família era muito acolhedora. Os Freis frequentavam muito a minha família e era um ambiente muito positivo”, lembra.
Nos anos de 1980, existia uma mentalidade na região, de que os jovens poderiam ter como projeto de vida entrar no Seminário dos Franciscanos. A mentalidade do Ir. Anacleto não era diferente: “eu tinha esse desejo de ir ao seminário e um desejo forte de servir a comunidade. Internamente, eu dialogava com Deus esses sentimentos todos”, explica.
Entrada nos Maristas
Quando Anacleto estava no 8º ano, decidiu entrar no Seminário. “Fui falar com o Frei e ele disse que as vagas estavam esgotadas. Então, por algum motivo, passou pela escola um Irmão Marista, o Ir. Augusto Dalló, e me fez o convite para fazer um curso vocacional”, lembra.
Depois de participar do curso vocacional, Anacleto enviou uma carta ao Ir. Augusto, dizendo que queria fazer parte da vida Marista. “Não sabia muito bem como era a vida religiosa Marista, mas depois dessa fase de indecisões, em 1985 entrei no Juvenato, em Caçador, (SC) e fui entendendo o que seria a vida Marista, o ritmo de vida e a Missão”, conta.
O Irmão Anacleto comenta que, com o passar dos dias, foi ficando mais claro que era isso que ele queria: a vida religiosa Marista. “As dúvidas vocacionais eram muito grandes, mas depositava muita confiança em Nossa Senhora”, afirma.
Vivência Marista
Durante o processo formativo, o Irmão passou por diversas cidades catarinenses: Caçador, Jaraguá do Sul, Florianópolis e Passo Fundo (RS). Também teve a oportunidade de estudar em Roma, na Itália. “Vivi na Bolívia e na Guatemala também”, diz.
“As mudanças são muitas, mas você se acostuma com a frequência. Claro, tem suas vantagens e desvantagens, mas eu tenho uma certa facilidade de me adaptar. Por hora, eu vejo com vantagens”, explica.
No Escolasticado, o Irmão Anacleto estudou dois anos de Teologia. Com o tempo, sentiu mais afinidade na área escolar e decidiu fazer Pedagogia. “Nos primeiros anos de apostolado, trabalhei com a Animação Vocacional. Era mais a minha área, onde me senti chamado a servir”, explica.
Ainda diz que a área de humanas foi entrando em sua vida, aos poucos. “Fui adentrando nessa dimensão do acompanhamento e da formação de novos Irmãos. Assim, fiz Psicologia voltada à Vida Consagrada, em Roma”.
Espiritualidade
Para o Irmão, a espiritualidade tem duas fontes que o alimentam. A primeira é a espiritualidade da vida comunitária. “As comunidades se organizam para ter pequenos espaços de espiritualidade, geralmente no início do dia. Isso sempre prezei, na minha vida e tem ajudado para a minha vivência espiritual pessoal, além de contribuir para a minha vocação, esse alimento da vida comunitária”, diz.
A segunda é mais pessoal. “Cultivo os meus momentos de silêncio, quando estou sozinho. É uma prática que eu tinha quando estava em casa. Largava-me na lavoura e ficava sozinho para pensar e refletir”, lembra.
Ele também salienta que a espiritualidade é alimentada por leituras, por retiros ou momentos na capela; além da contemplação da natureza. “Tudo isso alimenta a espiritualidade e vai criando um espaço interior rico de contato consigo mesmo e com Deus”, explica.
Sua inspiração na vida religiosa vem dos valores Maristas, herdados de Champagnat: Amor ao trabalho, Vida comunitária, simplicidade, Espírito de família e Devoção de Nossa Senhora. “Esses são os valores que me conectam vocacionalmente com a obra do Instituto e com a vida de Champagnat”, conta o Irmão.
Também lembra que no início do processo formativo, tinha uma grande devoção a Maria. “Sempre recorro a Maria em todos os instantes, nas dificuldades pessoais, vocacionais. Entrego tudo à Maria”, diz.
Experiência Marista
Uma das experiências positivas que o Irmão vivenciou foi a viagem para a Bolívia, onde trabalhou, com diferentes processos formativos de Irmãos, por quatro meses, em dois períodos. “O fato de experimentar outras vivências Maristas, outro jeito de viver a espiritualidade e o carisma Marista foi muito marcante para mim”.
Outra experiência que vale ressaltar foi sua estada como estudante em Roma. “Foi a minha primeira experiência de viver fora da Província. Lá, havia Irmãos de todas as partes do mundo. Foi o primeiro impacto positivo, ver que a vida Marista está em todos os continentes do mundo”, conta.
O Irmão afirma que estas são vivências que o ajudaram muito na sua caminhada. Ele ainda comenta o fato de ter atuado na formação de outros Irmãos e, no início da sua caminhada apostólica, ter trabalhado como Animador Vocacional. “Essas atividades me ajudaram muito. Passávamos em todas as escolas de Jaraguá do Sul falando de Vocação. Esse foi um elemento positivo de encantamento, de trabalho, de compromisso de Missão. Acho que foi um motivador vocacional a atividade apostólica”, afirma.
Trabalho Vocacional
O Irmão explica que o despertar de novas vocações é um grande mistério. Assim, ele crê que não é possível entendê-lo em sua totalidade. “A vocação é chamado para uma Missão e o Irmão precisa sentir essa missão na vida dele”, afirma.
De acordo com ele, nos anos de 1980, existia uma cultura vocacional, principalmente com Padre Zezinho. “Você respirava vocação naquele período; os seminários estavam cheios; então existia uma cultura vocacional. Muita gente queria entrar no seminário e na vida religiosa. Hoje em dia, as coisas mudaram; já não existe mais aquela cultura vocacional”, conta.
No seu período formativo existiam muitas vocações. “Quando fiz meu encontro vocacional, eram mais de 60 meninos participando. Quando entrei no Juvenato em Caçador, éramos 25! A casa estava cheia. Como formador em 1999, também em Caçador, eram uns 30 formandos. Mas o interessante é que poucos ficam. Realmente é um mistério”, afirma.
O Irmão reflete que, se naquele período a perseverança para seguir a vida religiosa era muito baixa. Hoje, então, está mais baixa ainda! “Acreditar que vamos ter muitas vocações? Não acredito! Acreditar que as vocações terminaram? Também não acredito, pois as vocações existem. Acho que vamos ter vocações, mas não em grandes quantidades”, diz.
Para as novas vocações é necessário continuar o trabalho que se está fazendo e desenvolvendo. “Atualmente, precisamos ter muita esperança e confiança. Não baixar a guarda, não entregar os pontos, e acompanhar aquelas que chegam a nós. Claro, como a vocação é um mistério, esperamos discernir e acolher a parte própria do plano de amor de Deus”, comenta o Irmão.
Atualmente, o Ir. Anacleto Peruzzo é diretor de Vida Consagrada da Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS). “Estou aqui e estou vivendo essa missão agora. Aqui são muitos os desafios, como a Animação Vocacional e a vocação de futuros Irmãos”.
Por fim, o Irmão explica que um dos objetivos da Vida Consagrada é que os Irmãos vivam bem a própria vocação. Para ele, “é importante desenvolver a vida humana, a vida consagrada e a missão”, finaliza.