No próximo 20 de maio celebramos 231 anos do nascimento de Marcelino Champagnat. Em junho também temos outra data importante, o Dia de São Marcelino Champagnat. Em preparação para esses momentos, trazemos hoje uma reflexão escrita pelo Irmão Lourenço (Jean-Claude Audras). O texto faz parte dos conteúdos do Curso Hermitage, e foi traduzido pelo Irmão Ivo Strobino, da Província Marista Brasil Centro-Sul.

Era  para  nós  como  pai,  como  mãe

(…) Levantava-se de madrugada, nunca perdia tempo e apreciava o trabalho braçal; ele não se poupava e fazia sempre o que havia de mais duro e perigoso. Foi ele quem tudo fez na reforma da casa de La Valla. Nós ajudávamos, mas como não sabíamos trabalhar direito, quase sempre precisava mostrar-nos ou refazer tudo. (…) Não se queixava da nossa falta de jeito. Tínhamos boa vontade, mas éramos muito desajeitados, sobretudo eu.

As vezes, à noite, estava todo suado, coberto de poeira e com a batina rasgada. Nunca se mostrava tão contente como quando o trabalho e a dedicação tivessem sido intensos. Vi-o muitas vezes trabalhando sob chuva ou sob a neve que caía. Nós deixávamos o trabalho nessas ocasiões, enquanto ele continuava, mesmo sem proteção para a cabeça, e apesar do rigor do tempo. (…) Nenhuma mãe tem mais ternura por seus filhos do que ele tinha por nós. A comparação não é acertada, porque, muitas vezes, as mães amam seus filhos com amor natural, ao passo que ele nos amava verdadeiramente em Deus. (…) Éramos muito pobres, no começo; o pão era da cor da terra, mas sempre tivemos o suficiente. Nosso bom superior, como o mais terno dos pais, tinha grande solicitude por todos nós.

Lembrar-me-ei sempre do desvelo que demonstrou por mim quando fiquei doente, em La Valla. Vinha ver-me todos os dias e trazia sempre algo de bom, para aliviar o meu sofrimento. Com palavras de consolo, encorajava-me a ter paciência e a sofrer por amor a Deus. (…) Quando nos falava do amor de Deus, transmitia-nos o fogo divino do qual estava repleto. (…) Era de caráter alegre e jovial, mas era firme. Nas conversas, para descontrair, sabia usar expressões jocosas.

Com os Irmãos estava sempre à vontade. Fazíamos, às vezes, perguntas embaraçosas e sem sentido, mas ele sempre tinha resposta adequada e justa, de modo que contentava a todos. Rezava por todos nós. Padeceu conosco devido à disparidade de caráter dos Irmãos e por causa de certos tipos esquisitos, muito difíceis de serem conduzidos. Quando certos candidatos permaneciam incorrigíveis, apesar dos avisos e correções, e uma vez esgotados os meios, não duvidava em mandá-los embora.