Hoje a Igreja celebra a memória litúrgica do Irmão Henri Vèrges e de outros 18 companheiros mártires que viveram na Argélia. Com o intuito de dar conhecer a sua vida e seus ensinamentos compartilhamos algumas informações sobre sua trajetória.
Henri nasceu em 15 de julho de 1930, em Matemale, vilarejo do Capcir, região bela, mas rude, a mais de 1200m de altitude, nos Pirineus Orientais, pertinho de Andorra e da fronteira espanhola. Ingressou no Juvenato dos Irmãos Maristas em 1942, no auge da 2ª Guerra Mundial. Fez o Noviciado nos anos de 1945 a 1946 em Saint Paul-Trois- Châteaux. Depois de seu escolasticado em l’Hermitage licenciou-se em Filosofia, mas sua grande paixão era a matemática. Até 1969 exerceu seu apostolado no Sul da França. No final desse ano foi enviado para a Argélia, ao colégio São Boa Ventura. Durante seus primeiros anos aprendeu a língua árabe. De 1970 a 1976 foi diretor do colégio.
Com a nacionalização das escolas pelo presidente Boumedienne foi enviado como professor de matemática, depois de francês a um liceu, em Sour-El-Ghoslane, a 120 km ao sul de Argel. Durante 12 anos seu contrato será renovado. Por cinco anos viverá sozinho, sem nenhum confrade marista, em contato com o povo, num pequeno aposento frio e sem água. Simpático a todos os vizinhos, tecendo toda uma rede de amizade com seus colegas de trabalho, muçulmanos.
Em setembro de 1988, em plena revolta da juventude para quebrar a golilha do Partido único, o Bispo lhe pede que reative a Biblioteca dos Padres Brancos, à rua Bem Cheneb, na Casbá de Argel. Durante seis anos, ajudado pelo Ir. Jesús Marcos e por diversas religiosas, porá todo o seu dinamismo de catalão, sua fé ardente na juventude, sua rica experiência pedagógica, seu amor pela cultura árabe e de seu país de adoção, para fazer do novo lugar de apostolado, uma bela Casa de Jovens, acolhedora, instrumento de trabalho eficiente, espaço de diálogo e de liberdade.
No domingo de 8 de maio de 1994, três extremistas irrompem na Biblioteca. Assassinam fria e covardemente, com uma bala na cabeça, o Ir. Henri e a Irmã Paul-Helène Saint-Raymond, religiosa assuncionista. O G.I.A. (Grupo Islâmico Armado) reivindicou o atentado. Depois, a Casa Bem Cheneb foi fechada.
Pensamentos do Irmão Henri Vergès
“Cristo deve irradiar através de nós. O quinto evangelho que todo o mundo pode ler é o de nossa vida”.
“Em nossas relações cotidianas, tomemos abertamente o partido do amor, do perdão, da comunhão, contra o ódio, a vingança, a violência”.
“Por que aqui (a Argélia)? Porque Deus me enviou para cá. Porque há um desígnio misterioso de Deus sobre o povo do Islã, um templo de sua presença onde me convida a entrar, uma abertura recíproca a favorecer, um diálogo entre crentes a promover, a desenvolver. Nossos caminhos em Deus só podem convergir…”
“Ser transparência ao Evangelho, transparência do Evangelho. Ser um grão escondido na terra dos homens por onde possa manifestar-se o fermento do Evangelho”.
“Estes jovens vivem a violência em toda a parte, na rua como em casa. É preciso que aqui – na biblioteca – façam a experiência da paz possível que carregam consigo”.
“Ser a florzinha que desabrocha onde Deus a plantou ou transportou sobre a terra dos homens, mas sempre irrigada pela água viva do Espírito. Em tudo e sempre ser sim pelo e no SIM de Jesus, como a Virgem Maria”.
“Deixar a Paz de Cristo invadir-me sempre mais, no mais íntimo de meu ser. Paciência, bondade comigo mesmo, bondade para com todos, em particular os jovens que o Senhor me confia. Virgem Maria, fazei de mim um instrumento de paz para o mundo”.
Para celebrar o Ir. Henri Vergès:
Compartilhamos a letra e a música “Todo Coração” nas vozes do Irmão Antonio Carlos Ramalho e Edigar Barraqui da Província Marista Brasil Centro Norte. https://youtu.be/0HmjqmN8hCE
Para conhecer mais sobre o Irmão Henri você pode consultar a publicação Convergências -de acordo com a correspondência entre os Irmãos Basílio e Henri a partir de 1971:
Arquivos digitais referentes ao Ir. Henri Vergès no site champagnat.org
https://champagnat.org/pt/ser-marista/santos-maristas/ir-henri-verges/
Arte de destaque: Meire de Oliveira / Cedida pela Província Marista Brasil Centro-Norte