Realização de terços, orações especiais e celebrações com a coroação da Virgem Maria. Estas são algumas das ações que costumam ser realizadas em paróquias e comunidades do mundo inteiro, ao longo de maio, em virtude do Mês de Maria ou Mês Mariano. 

Para Marcelino Champagnat, fundador do Instituto Marista, a maneira preferida de se referir a Nossa Senhora certamente era o título de “Boa Mãe”. “Entre as diferentes imagens de Maria que Marcelino conservou desde o começo até ao fim da sua vida, destaca-se uma: a imagem da Boa Mãe. A imagem, que mostra Jesus nos braços de Maria, inspira ternura e manifesta a presença amorosa de Maria. A figura do menino Jesus, calmo e confiante, sugere uma atitude de total confiança em Maria”, explica Angelo Ricordi, especialista do Memorial Marista.

>> Baixe o arquivo 31 dias com Maria

Mês de Maria

Quando era sacerdote, Marcelino Champagnat introduziu em sua paróquia a prática do Mês de Maria, tradição originária da Grécia Antiga, que ainda era pouco difundida na época. Poucos anos depois, como consequência, o costume se difundiu pela França e pelo mundo inteiro.

“Distribuiu na paróquia inúmeros exemplares do livrinho intitulado Mês de Maria e outras obras próprias a propagar a devoção à augusta Mãe de Deus. Desta forma, em breve tempo, as práticas do Mês de Maria realizavam-se em todos os lugarejos da paróquia. Cada família organizou também seu oratório, onde, à tarde, se reunia para implorar a proteção da Rainha do Céu, cantar seus louvores e meditar seus privilégios e favores”, descreve Angelo Ricordi.

Após a fundação do Instituto, o Mês de Maria passou a ser exercício comunitário. Além disso, tornou-se presente também nas escolas cuidadas pelos Irmãos. 

Intercessão de Maria no Instituto Marista 

Na história do Instituto Marista, pode-se destacar momentos fundamentais que a intercessão de Maria pode ser contemplada. A fim de recordar a importância da Boa Mãe para esta obra, Angelo Ricordi apresenta os três principais: 

  • Crise de Vocações de 1822 – Neste ano, Champagnat recorreu fortemente à intercessão de Maria. É desse período a seguinte oração: “Senhora, o empreendimento é seu. A Senhora nos reuniu, mesmo contra as adversidades do mundo, para trabalharmos para a glória de seu Divino Filho. Se não vier em nosso auxílio, vamos acabar, minguando como lâmpada que não tem mais azeite. Agora, se o empreendimento acabar, o que estará acabando não será o nosso, mas o seu. Pois aqui na família foi a Senhora que fez tudo. Contamos com a Senhora, com seu auxílio poderoso, e estaremos sempre contando com ele”.
  • 1823 – Perdidos na Neve – Um incidente, ocorrido em 1823 (o “Lembrai-vos na Neve”), foi muito significativo para Marcelino e os seus Irmãos. Marcelino e Estanislau perderam-se no meio de uma terrível tempestade de neve. Com o seu companheiro de viagem desfalecido a seus pés, Marcelino murmurou: “Se Maria não vier em nosso auxílio, estaremos perdidos”. Então, colocando as suas vidas nas mãos de Deus, rezou o “Lembrai-vos”. A sua invocação a Maria obteve uma resposta milagrosa. Marcelino e seus primeiros Irmãos descobriram neste acontecimento uma profunda realidade: a prova de que partilhavam o mesmo projeto que Deus confiara a Maria (Água da Rocha, nº 7).
  • 1830 – Revolução de 1830 – Quando a instituição da realeza entrou em crise na França, Marcelino instituiu oficialmente Maria como única rainha do Instituto. É a partir desta época, em sinal confiança na proteção de Maria, que foi instituído o canto da Salve Rainha, todos os dias no começo da oração da manhã, prática que se estende até os dias de hoje. Desse período, temos a seguinte carta: “Não tenham medo, temos Maria para nos defender. Todos os nossos cabelos estão contados, não cairá nenhum sem que Deus permita” (Cartas nº 16).

Espiritualidade Marista

A experiência pessoal do Padre Champagnat, ao sentir-se profundamente amado por Jesus e especialmente atendido por Maria, foi uma das principais influências na formação de sua espiritualidade. A relação de Marcelino com Maria, a quem ele se referia como a “Boa Mãe”, foi marcada por uma profunda afeição e total confiança, pois estava plenamente convencido de que o projeto que empreendera era, na verdade, obra dela. 

“Sem Maria somos nada, mas com Maria temos tudo, porque Maria sempre tem o seu adorável Filho em seus braços e em seu coração”, escreveu Marcelino. Esta convicção permaneceu com ele ao longo de toda sua vida. Jesus e Maria eram o tesouro no qual Marcelino aprendera a depositar o seu próprio coração. 

Conforme apresentado no documento Água da Rocha (nº 25), esta relação de proximidade contribuiu para o desenvolvimento da espiritualidade Marista. A expressão “recurso habitual”, comumente utilizada pelos Maristas de Champagnat,  traduz a plena confiança em Maria. 

Da mesma maneira, o lema “Tudo a Jesus por Maria – tudo a Maria para Jesus”, atribuído a Champagnat pelos seus biógrafos, demonstra esta íntima relação entre o filho e sua mãe, numa atitude de confiança do fundador em Maria. Ensinamento perpetuado até hoje pelos seguidores de Marcelino.