Em 2021, como parte das celebrações do Dia de São Marcelino Champagnat (6 de junho), a Província Marista Brasil Centro-Sul resgata a história de uma manifestação artística sobre nosso fundador. 

Trata-se da pintura do busto de Champagnat assinada por Vicente Caruso (1912-1986). Obra que o Irmão Benê Oliveira, Superior Provincial da PMBCS, trouxe recentemente de São Paulo para o Memorial Marista, em Curitiba.

A história dessa pintura, assim como de outras representações de Marcelino, é rica em detalhes interessantes. Em cada tempo e lugar, nós, maristas, procuramos atualizar a imagem do fundador entre nós.

Por que conhecer essa história é importante? 

“Porque na arte expressa em cada quadro ou escultura de Champagnat estão codificados elementos importantes da cultura, da teologia, da espiritualidade e até mesmo da visão de mundo que marcaram os Irmãos Maristas e hoje os Maristas de Champagnat do nosso tempo”, explica Angelo Ricordi, integrante da Diretoria de Identidade, Missão e Vocação da PMBCS. 

Primeiramente, queremos dar a conhecer a história do Champagnat de Caruso. E, sobretudo, resgatar alguns elementos históricos e iconográficos. Ou seja, resgatar tópicos sobre a representação visual do fundador.

O quadro de Champagnat pintado por Caruso

O relato começa com uma observação do Irmão Egídio Luiz Setti (1919-2006), enquanto exercia o cargo de Superior da Província de São Paulo. 

“Um dia o Irmão Egídio, grande incentivador de preservar a memória de Marcelino, constatou que na sala da sede provincial, na cidade de São Paulo, não havia nenhum quadro de grande porte sobre o fundador. Motivado pelo desejo de suprir essa lacuna, fomos ao encontro do artista plástico Vicente Caruso, na época residente em São Paulo”, conta o Irmão Dario Bortolini. 

A saber, a pintura de Caruso foi inspirada no quadro preparado para a beatificação de Marcelino Champagnat, em 1955. 

Vida e obra

Caruso nasceu em São Carlos (SP), em 1912. Quando ainda era adolescente, mudou-se para a cidade de São Paulo, residindo inicialmente no bairro Ipiranga e posteriormente em outros endereços próximos ao centro da cidade. Teve uma filha e três netos.

Seu último ateliê (1972-1986) foi em seu próprio apartamento, na Rua Augusta. Local onde residiu até a sua morte, em 1986. Por isso, podemos situar a execução da pintura do quadro de Champagnat como um de seus últimos trabalhos. 

Caruso faz parte de uma geração de artistas que se vincularam à Academia Paulistana de Belas Artes. Em seus quadros, ele prezava pela técnica apurada. Sem dúvida, a luz era uma de suas maiores preocupações. É o que nos revela, por exemplo, a sua obra sobre Jesus. Poucos sabem, mas uma das imagens de Jesus mais divulgadas no Brasil, graças às Edições Paulinas, é de autoria de Vicente Caruso. 

Linha do tempo das obras sobre Champagnat

A saber, o quadro de Champagnat pintado por Caruso faz parte de uma linha do tempo de representações visuais sobre Champagnat. Para compartilhar a história das principais obras, elaboramos um infográfico com dez imagens e os contextos em que foram produzidas.

>>> Acesse aqui o material.

Inspirações

Ao final desse passeio pela rápida história sobre imagens de São Marcelino Champagnat, reafirmamos a importância do quadro de Caruso. Bem como de outros artistas importantes, que hoje temos à disposição no Memorial Marista. 

Do ponto de vista espiritual, que possamos enxergar cada quadro como “um retrato vivo”. Assim como afirmava o Irmão Francisco (Carnet 301, p.47). 

Ou então, como dizia o Irmão Sylvestre:

“Tomara que todos os Pequenos Irmãos de Maria possam mostrar-se, sempre e em toda parte, fotografias vivas e eloquentes do nosso venerando fundador”. E na sua humildade acrescenta: “que não sejam fotografias borradas como, infelizmente, eu fui” (SYLVESTRE, 2014, p. 336).

 

 

Referências consultadas:

SCHERER, Júlia. Pinceladas de uma vida voltada à arte: Vicente Caruso e as PIN-UPS (1950-1980). III Seminário Internacional – História do tempo presente – Florianópolis: UDESC, 2017.

LANFREY, Andre. Os retratos do padre Champagnat no século XIX. Cadernos Maristas, n. 29. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, 2011.

IRMÃO FRANCISCO. Caderno 301 – Miscelânea. Cadernos Maristas, 12. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, 1997.

IRMÃO SYLVESTRE (Félix Tamet). Relatos sobre Marcelino Champagnat. Brasília: UMBRASIL, 2014.