Confira a reflexão escrita por Ana Tereza Naspolin, integrante da Fraternidade Santa Maria (Curitiba), do Movimento Champagnat da Família Marista, sobre um elemento repleto de significado para nosso fundador, São Marcelino.

Espiritualidade apostólica marista a partir do presépio

Sabe-se que Champagnat desejava para seus Irmãos os primeiros lugares junto ao presépio, junto à cruz e junto ao altar. Tal aspiração tinha intencionalidade. Não era apenas um desejo de seu coração de Pai. Era mais. Tinha a convicção de que o suporte da mística marista emanava desses três lugares especiais.

Vamos nos concentrar, aqui, nas atitudes, mensagens e valores provenientes “do presépio”.

É comum, ao se perscrutar a espiritualidade advinda do Pequeno Jesus numa manjedoura, encontrar a simplicidade, a humildade, a ternura, o cuidado, o mistério de Deus que se encarna numa criancinha, tão frágil. Também é comum, olharmos para Maria e José e sentir, com eles, a alegria, a admiração, o cuidado, a insegurança, a certeza de que está acontecendo mais um feito decorrente do anúncio do Anjo do Senhor, em silêncio e guardando tudo em seus corações. Receberam visitas. Entre elas, a dos Reis Magos: homens ricos, estrangeiros, sábios, com sede de infinito, que, após uma viagem longa e perigosa, chegaram a Belém (Mt 2, 1-12).

Os Magos nos ensinam o que significa visitar Jesus no presépio. Vendo a estrela, pondo-se a caminho e levando presentes indicam o que seja conhecer e adorar Jesus e, depois, levar a Boa Nova aos povos. Dois verbos sintetizam tal visita: ver e ir, “vimos a estrela e viemos…”.

Ao chegar a Jerusalém, procurando Jesus, os Magos responderam a Herodes: “VIMOS a sua estrela e VIEMOS adorá-lo” (Mt 2,2). Viram a luz e puseram-se imediatamente a caminho. Chegaram a Belém e viram o Menino. Adoraram-No. Entregaram os presentes e retornaram por outro caminho. Provavelmente, chegaram a seus lugares e proclamaram que haviam encontrado e adorado o Rei dos Judeus.

Para nós Maristas, os personagens do presépio, particularmente os Magos, nos convidam a ver a luz, a sair para novas terras, a procurar, a acolher Jesus mesmo quando a estrela desaparece. Transformados pelo encontro com o Salvador, poderemos levar sua mensagem aos pobres, aos pequeninos, aos invisíveis, às pessoas “de boa vontade”.

Se chegarmos a ocupar um lugar, e nele permanecer, perto de Jesus no presépio, como nos convoca Champagnat, com certeza, nosso coração se encherá de amor transformador e partiremos para anunciar a Palavra e servir o povo de Deus, continuando, assim, a missão marista: “tornar Jesus Cristo conhecido, amado e seguido”.  

Ana Tereza Naspolin

 

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