Segunda edição do encontro em 2021 também contou com o lançamento da obra: Experiência de travessia: marcos da espiritualidade de Marcelino Champagnat e dos primeiros Irmãos Maristas.

Realizado nos dias 08 e 09 de novembro e organizado pelo Memorial Marista e pela Diretoria de Identidade, Missão e Vocação, a segunda Oficina do Patrimônio Histórico e Espiritual Marista (PHEM) de 2021, abordou caminhos possíveis para a Espiritualidade do Coração. No primeiro dia de evento, a temática foi abordada pelo conselheiro Geral e grande entusiasta do tema no Instituto Marista, Ir. Óscar Martin. A abertura e as boas-vindas aos participantes ficaram sob a responsabilidade do Provincial Ir. Benê Oliveira.

Ele enfatizou que o tema “Espiritualidade do Coração” nos é muito caro e que precisamos de uma espiritualidade que nos faça repousar no coração do Senhor para nos converter ao serviço de Deus e dos irmãos. “Nós estamos todos muito felizes e impactados pela chamada ao desenvolvimento da espiritualidade do coração, como aquela que tem o rosto e as mãos da terna misericórdia de Deus, preconizada pelo XXII º capítulo Geral. O importante, com essa oficina, é que a gente siga aberto, buscando o que pode se constituir de fato espiritualidade do coração e descobrir um caminho de paradigmas novos e antigos”, destacou na abertura do evento.

Espiritualidade do Coração como nova forma de viver

Na sequência, o Ir. Óscar Martin abordou a recuperação da dimensão da interioridade como uma nova forma de viver, a partir de uma experiência centrada na pessoa de Jesus Cristo, que nos faz inclusivos e misericordiosos. Do ponto de vista conceitual, o conselheiro falou sobre os aspectos da unificação entre oração e vida, sublinhando que a encarnação dessa espiritualidade se manifesta na profundidade da conexão com Deus, que se traduz em inclusão para os demais.

“A espiritualidade do coração é uma nova forma de viver. O Capítulo Geral diz que uma nova forma de viver é aquela que nos enche de alegria e nos faz inclusivos. Como vamos transmitir a misericórdia de Deus se não é pela experiência pessoal do contato com Ele?”, refletiu.

Além de usar as palavras do Cap. Geral para descrever essa forma de espiritualidade, o Irmão usou o símbolo de um trevo para descrevê-la em três pontos, destacando que é unificadora, encarnada e inclusiva. “O que é uma espiritualidade unificadora?”, questionou e exemplificou na sequência: “A oração é minha vida e a vida é minha oração e, por isso, não devemos fazer oração para agradar a Deus, mas sim para vivermos conectados”.

Já a espiritualidade inclusiva é aquela que fala sobre nos conectarmos com o Deus que vive em nós. E para isso, propõe-se tempo de oração e silêncio. “Todos os caminhos são bons se te ajudam a conectar com o espírito. O caminho pode ser rezar os salmos, escutar uma música tranquila, fazer uma respiração, cantar canções ou dançar. O importante é saber se isso te conecta com seu espírito e com o espírito de Deus”, refletiu o Ir. Óscar.

Por fim, o Irmão apresentou um itinerário, a partir de cinco referências, para cultivarmos uma espiritualidade do coração:

  1. A experiência precede a teoria e o encontro com Deus é experiencial;
  2. É preciso resgatar a dimensão da interioridade e do silêncio como ferramentas no processo de autoconhecimento e de relação com Deus. Assim, a interioridade e o silêncio são a porta para a experiência com Deus;
  3. É vivida no encontro pessoal com Deus: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Bento XVI, Deus Caritas est, recuperado muitas vezes por Francisco);
  4. A experiência com Deus produz unificação – sempre que encontramos com Deus algo muda na nossa vida e sempre nos traz paz. Além disso, vida e oração são a mesma coisa;
  5. É compassiva e misericordiosa: crivo da espiritualidade do coração. Assim, o fruto dessa experiência espiritual é a compaixão;

Após essas reflexões, Ir. Oscar convidou todos para dois minutos de silêncio, pedindo para cada um lembrar experiências que tocaram seus corações. E, por fim, fez alguns questionamentos:

  • Como vamos viver uma espiritualidade autêntica conectada à vida?
  • Como usar a interioridade como um caminho para a espiritualidade?
  • Qual o melhor caminho para cada um se conectar?

Ele finalizou sua participação refletindo: “Espiritualidade do coração não é uma forma de rezar, é uma nova forma de viver que nos enche de alegria e nos faz inclusivos. Não é um caminho simples, é um processo, mas é um processo de felicidade e alegria”.

Segundo dia de Oficina do PHEM

No segundo dia de evento, os participantes puderam assistir a apresentação de uma mensagem especial gravada pelo australiano Ir. Michael Green. Ele compartilhou uma pequena síntese do livro “Experiência de travessia: Marcos da espiritualidade de Marcelino Champagnat e dos primeiros Irmãos Maristas”, lançado na ocasião. Na obra, o autor relê a vida de Champagnat como travessia de amadurecimento espiritual.

O autor gravou uma vídeo-mensagem aos leitores brasileiros, apresentando a obra e contextualizando o que hoje chamamos de Espiritualidade Marista. Na sequência, a Oficina contou com a colaboração de seis conferencistas que compartilharam um resumo dos seis capítulos que integram o livro.

Representando o Centro de Estudos Maristas de Belo Horizonte e a Província Marista Brasil Centro Norte foram o Irmão Rafael e a leiga Raquel Pulita. Pelo Centro de Espiritualidade e Estudos Maristas de Bom Princípio e a Província Marista Brasil Sul-Amazônia – Ir. Genuino Benini e Gustavo Balbinot. Pelo Memorial Marista e pela PMBCS – Ir. Ivo Strobino e Ana Tereza Naspolini.

Por fim, foi apresentado o Núcleo de Estudos da Espiritualidade do Coração pelos especialistas Angelo Ricordi e João Luis Fedel Gonçalves. Na visão do Diretor do Memorial Marista, Dyogenes P. Araújo a Oficina cumpriu com a missão de oferecer uma reflexão importante sobre o tema da Espiritualidade do Coração e sua relação com as origens maristas.

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