Nos dias 12 e 13 de maio, foi realizada a primeira a Oficina do Patrimônio Histórico e Espiritual Marista (PHEM) de 2021. A atividade teve como tema: “Superiores Gerais do Instituto Marista: sucessão de Champagnat – carisma, espiritualidade e gestão”.
A temática deu continuidade à oficina ministrada em 2019, sobre os Superiores Gerais do Instituto Marista. Se na primeira teve o recorte histórico, nesta privilegiou-se uma abordagem temática.
Coleção Estudos Maristas
Na abertura do evento, Dyogenes Philippsen Araújo, Diretor do Memorial Marista, apresentou os primeiros volumes da Coleção Estudos Maristas. O objetivo da coleção é colocar à disposição dos pesquisadores e do público textos fundamentais para o estudo do PHEM.
Ela está dividida em três áreas:
- Fontes Maristas – reúne fontes fundamentais inéditas, em versão bilíngue;
- Estudos Maristas – destina-se a estudos relevantes sobre diversos temas da história marista;
- Espiritualidade Marista – apresenta estudos relacionados à evolução histórica da espiritualidade marista.
Os textos, publicados em parceria com a PUCPRESS, são disponibilizados no formato eletrônico (e-books).
Processo de sucessão de Champagnat
A primeira manhã foi dedicada ao seguinte tópico: “Como se constrói um sucessor?”. Angelo Ricordi e João Luís Fedel, ambos da Diretoria de Identidade, Missão e Vocação da PMBCS, trabalharam a temática da sucessão do Padre Champagnat em dois momentos.
Primeiramente, Angelo fez o resgate histórico do relato da sucessão por meio da análise de duas fontes, ou duas narrativas. São elas: Vida do Padre Champagnat, escrita por Jean-Baptiste Furet, e Annales de l’Institut, do Irmão Avit.
A partir da pesquisa do Irmão André Lanfrey sobre o processo de sucessão, o conferencista procurou mostrar que a questão sucessória de Champagnat está longe de ser um processo linear. Principalmente no governo do Irmão Francisco, deu-se em um contexto de redefinição da Sociedade de Maria (Padres Maristas) e da consolidação das Regras e Espiritualidade do Instituto dos Irmãos Maristas. Bem como sua emancipação dos Padres Maristas.
No segundo momento, João Luís propiciou aos participantes o trabalho direto com alguns textos dos Cadernos 303 e 304 do Irmão Francisco. Materiais relacionados ao Governo, sobretudo sobre seu uso de literatura como forma de complementar seu conhecimento sobre o melhor modo de se governar.
Espiritualidade Marista
A manhã de quinta, então, foi dedicada ao tema da espiritualidade. Fabiano Incerti, diretor da Diretoria de Identidade Institucional da PUCPR, propôs uma leitura do Caderno 301 do Irmão Francisco. O assessor da oficina traçou uma relação com as tradições da filosofia grega, dos padres da Igreja e de Santo Inácio.
Propôs três chaves de leitura:
- Irmão Francisco como sujeito moderno, que participa de uma tradição que começa com J.-J. Rousseau;
- Ele é herdeiro de uma tradição ligada aos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola, que retoma a importância da imaginação no ato de aproximação do divino;
- Ele é influenciado pela tradição da Filosofia grega e dos padres da Igreja, na compreensão de que o ascetismo, a dietética e os exercícios se tornam um modo de viver, uma forma de vida.
Esses elementos tornam o Irmão Francisco não apenas o sucessor de Champagnat. Mas também herdeiro de uma rica tradição espiritual, que continua a nos inspirar.
Percepções de participantes da oficina
De acordo com Rafael Riva Finatti, coordenador de Estratégia e Governança da Diretoria Executiva de Educação Básica, sem dúvida, ele fazia parte do principal público que deveria estar presente na formação. “Entendo que, enquanto colaborador Marista, preciso conhecer melhor as fontes do Instituto”, afirma.
Embora tenha percebido o quanto ainda tem a aprender sobre os assuntos abordados, o participante acredita que os conhecimentos vão ajudá-lo em sua própria missão. “Como gestor, estas fontes do Instituto me conectam a uma história com a qual devo aprender e me inspirar – e não só apenas conhecer. Neste sentido, o exemplo do Ir. Francisco Rivat (de sobrenome até parecido com o meu!) trouxe diversos insights de gestão de pessoas e de mudanças, bastante alinhados àquilo que se discute hoje como ‘Gestão 3.0 ou Gestão 4.0’”, conta.
Para o Ir. Claudiano Tiecher, diretor do Colégio Marista Santo Antônio, a oficina alcançou uma profunda reflexão. Em suma, uma análise técnica e apurada sobre a atuação do Ir. Francisco à frente de nossa Instituição.
“É relevante poder compreender este personagem e como os elementos de sua época, impactaram os rumos dados nas décadas após a morte do fundador. Os escritos do Ir. Francisco, em forma de diário, são um verdadeiro tesouro a ser desvendado, cheios de unção, espiritualidade e nuances acerca de como concebia a liderança, sendo o Superior Geral. Registros impressionantes que transparecem uma admiração pelo fundador e a necessidade de fazer um grande esforço para se aproximar das virtudes de Champagnat. Parabéns ao Memorial e à equipe pelas pesquisas e grande contribuição para o Brasil Marista e o nosso Instituto”, destaca.
Integração entre as Províncias
A oficina contou com 30 participantes, integrantes das Províncias Maristas Brasil Centro-Sul, Província Marista Sul Amazônia e Província Marista Brasil Centro-Norte. E, ainda, com o Irmão Pablo, Superior Provincial de Santa Maria de los Andes. Vale destacar também a participação de Irmãos e Leigos do Movimento Champagnat da Família Marista.
A Oficina do PHEM, projeto que existe desde 2012, é promovida pela Diretoria de Identidade, Missão e Vocação, por meio do Memorial Marista da PMBCS. E conta com a parceria do Laboratório Irmão Francisco, da Diretoria de Identidade da PUCPR.