Nesta reta final da campanha de Natal de 2022, recorremos a um dos ensinamentos de nosso fundador. Marcelino Champagnat costumava dizer que desejava para seus Irmãos os primeiros lugares junto ao presépio. Bem como junto à cruz e ao altar. 

Nesse sentido, a partir das imagens que representam o dia de nascimento de Jesus, podemos nos perguntar o que cada uma delas prioriza. Ou seja, que mensagem o presépio deixa transparecer (seja em desenho ou pintura, seja em escultura). Você já parou para pensar nisso? Em suma, de que é feito o presépio que enfeita a sua casa ou sua comunidade? 

Com a finalidade de nos guiar diante dessa provocação, João Luis Fedel Gonçalves, colaborador da Diretoria de Identidade, Missão e Vocação da PMBCS, nos presenteia com mais um belo texto. Esse é um conteúdo que envolve muito conhecimento das Sagradas Escrituras, mas que certamente também vem do coração. Assim como as reflexões anteriores referentes aos Domingos do Advento.

Em seguida, confira a reflexão final que ele preparou para o Natal deste ano. 

25 de dezembro de 2022
É Natal

Figurinaio, assim eram chamados os artistas entalhadores de imagens dos elaborados presépios feitos em Nápoles, Itália, nos séculos 16 a 18. Eles disputavam entre si para criar os mais ricos cenários, com comerciantes e nobres, camponeses e artesãos, mulheres e crianças, cada qual com suas vestimentas típicas e objetos do cotidiano, dispostos entre fachadas de tijolo ou pedra, janelas, escadas e outras construções. Um luxo de cores e formas. 

Toma-nos a impressão de que esse exagero tem o poder de nos distrair do centro do Natal. Verdade que a cena simples, com a manjedoura e o menino, com seus pais, com o boi e jumento, recriada por Francisco de Assis em Greccio, séculos antes, continua ali, muitas vezes na parte mais baixa do cenário ou escondido em algum canto. Sem isso, mesmo o mais sofisticado que seja a obra, não há presépio.  

Os evangelistas Mateus e Lucas foram os primeiros a montar lindos quadros para descrever o nascimento de Jesus. Cada um criou seu cenário, com tons e acentos muito próprios. O pano de fundo é o mesmo: um menino nasceu na periferia do império Romano, em lugarejo insignificante de Judá, uma criança como tantas outras. Mas os céus dão outros sinais.  

Mateus coloca no centro de seu presépio a casa de José, onde ele recebe Maria e onde Jesus nasce. Ali, nesse lugar seguro e acolhedor, a mãe e o menino estão calmos e quietos. Na narrativa do primeiro evangelista, Maria não fala, pois está atenta aos cuidados com o menino.  

Então o cenário se expande: no horizonte três magos de algum lugar do oriente, guiados por uma estrela, buscam o rei Herodes para render homenagem ao recém-nascido. O fato cria um incidente internacional. Toda a capital Jerusalém fica alarmada. Como assim um novo rei? 

Os três são direcionados a Belém, e a estrela brilha de novo. O centro volta a ser a casa, para lá os magos se dirigem. E, então, acontece o encontro, que une pequenez e amplidão, simplicidade e intensa vibração: “Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Caíram de joelhos diante dele e o adoraram”. Que cenário mais bonito! E ainda tem os presentes, novo sonho e um rei enganado.  

Lucas elabora um quadro diferente, como se estivesse em movimento. O decreto de recenseamento obriga José e Maria a ir até Belém. Então vem o imprevisto: Maria entra em trabalho de parto e precisa de um lugar reservado. Sem vaga na pousada, são empurrados para uma manjedoura. Ali, nesse lugar estranho e incomum, com José ao lado e talvez alguma mulher e alguns animais, Maria dá à luz o menino. 

Como em Mateus, há então uma ampliação do horizonte. Entram em cena pastores e anjo, luzes e glória divina, e novamente a alegria. O anjo indica o sinal para que encontrem o salvador: “um recém-nascido envolto em faixas deitado na manjedoura”. Como se não bastasse, aparece um coral celestial, cantando glórias e anunciando a paz. Então os pastores vão a Belém e encontram Maria, José e o recém-nascido. 

Que lindos cenários, de fazer inveja ao mais habilidoso figurinaio. Esses diferentes jeitos de contar o Natal talvez possam nos ajudar a criar o nosso presépio, com formas e movimentos que façam sentido para nossas vidas e para o mundo, e que nos ajudem a viver melhor. Em todos os presépios, no entanto, o centro precisa ser o mesmo: a mãe, o pai e o menino recém-nascido. 

Mensagem do Superior Geral e do Superior Provincial

Com o intuito de conferir ainda mais significado ao cartão de Natal enviado pela Administração Geral do Instituto Marista, o Ir. Ernesto Sánchez Barba, Superior Geral, também compartilha conosco uma mensagem sobre o presépio. Trata-se da explicação de Dom Ruberval Monteiro da Silva sobre sua obra que ilustra o cartão deste ano. Leia aqui.

 

Cartão de Natal - Ir Ernesto

 

Por fim, o Ir. Benê Oliveira, Superior Provincial da PMBCS, destaca a mensagem natalina central de nossa Província:

“Aproxima-se o NATAL | 2022 — tempo de fazer a experiência da revelação de Deus em nossa vida e história. A campanha de Natal | 22 da PMBCS tem a sua inspiração bíblica: ‘E paz na terra aos seus’, cf. Lc 2,14, com o forte apelo do Instituto Marista (CIMM) a sermos agentes e promotores: 1) da cultura do encontro e da paz; 2) da cidadania global em nossas matrizes curriculares; 3) de uma educação fundamentada em valores; 4) com foco nos marginalizados e 5) em memória de todas as vítimas de conflitos violentos reconhecidos, ocultos e  esquecidos”. 

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