Neste mês de fevereiro de 2022, o Centro Marcelino Champagnat (CMC) tornou-se o lar temporário de uma família de imigrantes afegãos. O casal e a filha chegaram a Curitiba sem promessa de moradia ou estabilidade. Porém juntos, com a esperança de quem quer proteger quem ama. E foram acolhidos pelos Irmãos Maristas e colaboradores do CMC. 

Desde o ano passado, o povo do Afeganistão enfrenta uma série de ataques a diversas regiões do país, promovidos pelo grupo extremista Talibã. Com o apoio de um grupo de Igrejas cristãs, crianças e adultos afegãos vieram para o Brasil. Eles  foram encaminhados para os estados do Ceará, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Distrito Federal. 

Apelo do Papa Francisco pelos imigrantes, migrantes e refugiados

No último Dia Mundial do Migrante e do Refugiado (26 de setembro de 2021), o Papa Francisco chamou a atenção para que vejamos não “os outros”, mas sim apenas um “nós”, com um caminho comum neste mundo.

“Mas o tempo presente mostra-nos que o nós querido por Deus está dilacerado e dividido, ferido e desfigurado. E isto verifica-se sobretudo nos momentos de maior crise, como agora com a pandemia. Os nacionalismos fechados e agressivos (cf. Fratelli tutti, 11) e o individualismo radical (cf. ibid., 105) desagregam ou dividem o nós, tanto no mundo como dentro da Igreja. E o preço mais alto é pago por aqueles que mais facilmente se podem tornar os outros: os estrangeiros, os migrantes, os marginalizados, que habitam as periferias existenciais”, escreve o Santo Padre.

Ele convoca todos os fiéis a se empenharem para que não existam mais muros que nos separem. Ou seja, para que a Igreja possa possa ajudar o mundo a se tornar cada vez mais inclusivo e solidário.

“A todos os homens e mulheres da terra, apelo a caminharem juntos rumo a um nós cada vez maior, a recomporem a família humana, a fim de construirmos em conjunto o nosso futuro de justiça e paz, tendo o cuidado de ninguém ficar excluído”, destaca o Papa Francisco.

Situação agravada pela pandemia

De acordo com relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente 281 milhões de pessoas vivem fora do seu país de nascimento ou de cidadania. Número que cresceu durante a pandemia, devido às desigualdades agravadas pela crise.

Além disso, a Organização Internacional do Trabalho alerta para o fato de que os imigrantes e migrantes encontram-se em condições de maior vulnerabilidade, com acesso limitado a serviços de saúde e saneamento. Ademais, eles costumam ser os primeiros a perderem emprego e renda. 

Família global

Nesse sentido, o apelo do Papa tem tudo a ver com o propósito marista de ser farol de esperança em meio a um mundo turbulento. De ser fonte de luz e solidariedade diante da realidade que se apresenta e que não pode esperar.

Ao comentar sobre o encontro com a família afegã que está no CMC, o Ir. Benê Oliveira, Superior Provincial da PMBCS, recordou de uma passagem de Efésios (2,19), que diz: “Assim, já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus”.

“O guardião da família, disse: ‘Só temos Alá em nossa cabeça e vocês em nossa frente’. Deus é bom e maravilhoso em Sua criação e em seus filhos e sempre nos coloca no caminho uns dos outros para sermos seres humanos melhores e compassivos. Jesus, uma vez para sempre, verteu Seu sangue redentor na cruz por todas as pessoas!”, conta Ir. Benê de Oliveira.

Que possamos ver o exemplo de acolhimento dessa família afegã como uma maneira de acolher o próprio Salvador. Afinal, Jesus, Maria e José também precisaram migrar em busca de segurança e melhores condições de vida, como consequência dos conflitos existentes na região em que moravam.

Finalmente, fica a reflexão: como estamos acolhendo o Menino Jesus que vive em cada imigrante ou refugiado que se encontra desamparado em um novo país? 

Como ajudar

Se você quer conhecer melhor essa situação e colaborar de alguma forma, conheça o projeto SOS Afeganistão, da Igreja Presbiteriana e a agência Missão em Apoio à Igreja Sofredora (MAIS), que auxilia os imigrantes que chegaram a Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Mais informações pelos telefones (41) 98748-5950 e (41) 3224-0302.