Por Irmão Ivo Strobino

A Igreja declarou oficialmente a santidade de Marcelino Champagnat no dia 18 de abril de 1999. Naquele dia, o Papa João Paulo II oficiou a cerimônia solene da sua canonização na presença de milhares de peregrinos que tinham acorrido à Praça de São Pedro do Vaticano. O Papa foi o primeiro a invocar nosso Fundador como santo: – São Marcelino Champagnat, rogai por nós!

A invocação, pronunciada com voz firme pelo Pontífice, ecoou fundo nos corações dos presentes, provocando indescritível entusiasmo. Bandeiras, faixas, aplausos, tudo serviu para extravasar a incontida alegria da multidão! Foi um dia esperado! Foi um dia de glória, que muitos de nós tivemos ocasião de vivenciar.

Agora, passados 25 anos da canonização, que balanço podemos fazer desse acontecimento? Houve impactos positivos na igreja e na Congregação?

Nossa resposta será superficial, limitada às poucas linhas de um artigo. Não temos instrumentos para uma análise mais ampla do tema, abrangendo todos os quadrantes da presença marista. Também será resposta incompleta, pois abarca o nível espiritual, que não é mensurável. Como avaliar a quantidade de graças derramada nos corações?

Apesar disso, permanecendo na nossa realidade de Brasil Marista e olhando apenas dados externos sobre entusiasmo e afeição por São Marcelino, percebemos dois aspectos que estão delineando nova fase na devoção ao Fundador.

  • Entre os leigos maristas é evidente o acréscimo de interesse na busca de conhecimentos sobre o Fundador. É visível o aumento de fervor e de invocação de São Marcelino. Palestras, cursos e retiros com o tema Champagnat atraem cada vez mais os nossos colaboradores leigos. O sentido de pertença à família Marista alargou-se. Providencialmente, a canonização veio numa época em que a Congregação se abria aos leigos e foram estes os grandes beneficiados da canonização. O carisma, que é uma graça especial dada por Deus a um servo seu, não é dom para uso próprio, nem para ser partilhado apenas entre os membros da congregação religiosa, quando se trata de um fundador. Assim, percebe-se que o carisma de São Marcelino Champagnat está extrapolando, abrindo-se em círculos para toda a Igreja, a partir dos leigos que trabalham em parceria com os Irmãos. O entusiasmo por São Marcelino Champagnat é evidente em nossos dias!
  • A santidade de Marcelino tornou-se simpática. A simplicidade do seu modo de viver, as adversidades que enfrentou, as opções pastorais que assumiu em favor das crianças e dos jovens, as virtudes da confiança em Deus e do recurso a Maria, fazem dele alguém que está próximo, alguém que é imitável. Não é um santo ultrapassado, alguém que não tem nada a nos dizer. Ele é bem humano. Sua determinação, força e ternura encantam! Percebemos que a canonização relançou forte apelo à conversão, ensinando que a espiritualidade Marista leva à santidade; ensinando que ser santo não é fato extraordinário, destinado a pessoas especiais. No quotidiano normal da vida, Irmãos e leigos maristas podem e devem crescer em santidade. A frase de Champagnat “Fazer-se Irmão é comprometer-se a ser santo”, adquiriu significado mais amplo e atual: “Fazer-se marista, pertencer à família marista, como Irmão ou leigo, é trilhar caminhos de santidade!”

Estas duas características também existiram antes da canonização. Não queremos deixar transparecer a ideia de momentos estanques, como se houvesse um modo de ser, antes, e outro modo de ser, depois. Houve entusiasmo e santidade também antes da canonização. Basta pensar nas sucessivas gerações de Irmãos, que deram continuidade à obra de São Marcelino, que partiram como missionários por todo o mundo, que difundiram a sua pedagogia e espiritualidade, que rezaram pedindo a graça da sua canonização! Basta lembrar os milhares e milhares de alunos e de colaboradores leigos, integrantes das escolas e das obras sociais maristas, beneficiários do seu carisma e que também sonharam em vê-lo proclamado santo!

A santidade de Marcelino Champagnat sempre produziu frutos bons na seara do Senhor. Ele sempre foi admirado e exaltado. Hoje, constatamos que Champagnat não é mais só dos Irmãos: ele é da família marista, ele é do Povo de Deus, ele é da Igreja. O círculo daqueles que o admiram e invocam, daqueles que o seguem, santificando-se com a espiritualidade marista, está em expansão!

Que Deus seja louvado pela santidade de Marcelino Champagnat. Amém!