Nos dias 29 e 30 de setembro em São Paulo, aconteceu o evento Experiência de Travessia. O encontro foi realizado na chácara do Colégio Arquidiocesano de São Paulo. Os participantes puderam viver uma bela experiência de travessia, para a profundidade pessoal, uma viagem para dentro das próprias vidas, dentro dos mistérios deles mesmos.

Dessa forma, o evento é uma travessia para além do medo, mostrando a possibilidade de confiar na presença de Deus. Mesmo quando surgem obstáculos, pois quando temos Jesus conosco atravessamos para outra margem salvos.

Marcelino Champagnat enfatizava sempre aos seus primeiros seguidores sobre a importância do exemplo para os jovens aos quais lecionavam. Sugeria que a vida deles poderia se transformar num “catecismo ininterrupto”, e dizia: “um Irmão é um evangelho vivo”, em quem cada estudante pudesse ler como imitar Jesus Cristo e ser um cristão autêntico.

“Nossas reflexões ao longo do dia deu-nos a certeza de que um fraterno também é, ou pode vir a ser um evangelho vivo para sua família. No seu trabalho, no ambiente em que vive, colorindo sua vida e a vida dos demais”, afirma Josmari Pauzer, coordenadora do MChFM na PMBCS.

Depoimentos

A leiga Leocádia Karache destacou que caminhar por este espaço fez com que refletisse como está a sua caminhada de vida.

“Olhar para o céu, ter contato com Deus me faz agradecer tudo que conquistei. Na minha travessia a Leocádia adulta resolveu escrever para a Leocádia de 1985. Tenho muito orgulho da mulher que me tornei, apesar das dificuldades que enfrentamos temos Deus que nunca nos abandona e assim evoluímos. Estou em processo de crescimento espiritual e este compromisso que me coloquei para estar aqui contribui, mas sei que ainda há muito para evoluir”.

Nesse sentido, Manoel Ferreira, da fraternidade Maria de Nazaré, mencionou como foi transformador para sua vida conhecer a espiritualidade marista. “Aquele Deus fechado, distante, ficou mais próximo e com o passar dos anos nos transformamos, crescemos. Saio daqui hoje melhor do que eu era antes.

No encontro “Experiência de Travessia”, tivemos a oportunidade de sermos acompanhados por crianças, jovens, pessoas maduras, Irmãos, solteiros casados, pais, avós. Diversidade de pessoas com o mesmo interesse na experiência. Agradecemos a vinda da Josmari e do Irmão Edicarlos, de Curitiba”.

Flavia Meirelles Israel coloca que sua fé foi renovada nesta travessia. “Meu coração arde, mas está leve. Viver mais esta experiência marista provoca a minha vocação”.

Reflexões durante a travessia

Em seguida, João Gabriel Sedrez afirma que o “ponto de partida sempre é o questionamento. Quando olho para o contexto do momento o João Pai, me faz pensar nas mudanças que o mundo oferece e acolhemos. O João criança e as travessias dolorosas que realizava nas mudanças de cidade, de colégio… O João jovem, o João adulto que se misturou com o João Pai e nesta travessia ainda estou aprendendo.

Desde que nasci, estou em contato com os valores maristas que não se dissociam de minha vida. Agradeço a possibilidade de viver este carisma e em algum momento questionar o que não faz sentido”, afirma João.

Para João Ricardo Nishiura, da Fraternidade Irmão Panini, “participar deste encontro, caminhar pela chácara me fez relembrar de várias travessias que realizei. A figura da minha mãe, com nossas vivências até sua morte. Que bom poder estar com ela amenizando seu sofrimento físico.

Meu casamento. A travessia em ser Pai… Tudo foi aprendizado. Crescemos e ampliamos nossa visão de mundo, incorporando novos conhecimentos. Os momentos vividos hoje, foram todos de muita alegria”.

Do mesmo modo, Ulisses Antonio Ferreira de Andrade, animador da fraternidade Irmão Panini, ressalta como é bom participar destes encontros com pessoas com a mesma sintonia e os mesmos propósitos. “Travessia marcante na espiritualidade e o ambiente favoreceu muito a proposta. Total gratidão!”.

A animadora Erica Guimarães Ribeiro relata como foi participar do evento:

Retomar a imagem dos discípulos de Emaús na ilustração tema do retiro, a meu ver, é muito representativo porque caminhar ao lado dos nossos, com quem nos identificamos em carisma, faz arder o coração. Para mim, a troca de experiências, a partilha de testemunhos tão significativos e emocionados é sempre uma experiência de aprendizados.

Um ponto alto do nosso retiro foi a “Travessia do Deserto”. Tomar contato com o silêncio, afastar-se dos barulhos para encarar suas sombras foi decisivo para a resposta à pergunta: o que precisamos deixar e o que precisamos levar na nossa travessia? Deserto que não acaba na experiência do retiro. Seguimos confrontando-o na nossa travessia repensando, de forma permanente, o que levar e do que abrir mão na condução de nossos passos.

Por fim, gosto de destacar a inspiração no texto do Ir. Michael Green, tão bem trabalhado pela equipe da Província, numa aproximação a espiritualidade de Marcelino na contemporaneidade. Uma relação “pé no chão” com um Champagnat humano, parecido conosco, discípulo e companheiro de Travessia de muitos desertos da vida!