No último sábado, 25, aconteceu a primeira edição do evento “Mulheres além das fronteiras”, organizado pelo coletivo Mulheres Emigrantes Unidas (MEU). A ação buscou trazer informações para as mulheres emigrantes, principalmente em relação a documentação, formação profissional e emprego. A ação teve apoio da Prefeitura de Curitiba, da Cáritas, ONU Migração, Província Marista Brasil Centro-Sul, Sebrae, FIEP, CEIM, DPE, IPPMig, PDF e Casa de Francisco e Clara.

Programação

O evento contou com apresentações culturais de mulheres, além de uma palestra sobre os direitos e a eliminação da violência de gênero. Houve ainda um momento com a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) e um workshop de empreendedorismo feminino.

Clotilde Munongo, uma das fundadoras da MEU, ressalta a importância da ação para quem vem de outro país para o Brasil e não tem informações sobre como conseguir documentos e emprego. “Esse tipo de evento ajuda a capacitar ela a dar uma outra olhada no mercado de trabalho, como empreender, saber seus direitos, como viver aqui no Brasil”, afirma.

Direitos das mulheres

Na palestra “Conscientização das mulheres sobre seus direitos e Eliminação da Violência contra as Mulheres”, houve falas de três representantes que trabalham diretamente com mulheres e promovendo os seus direitos. Isabella Traub, do Instituto de Promoção de Políticas Públicas Migratórias. Renata Carneiro, Assessora de Políticas para Mulher da Prefeitura de Curitiba. E Mariana Martins Nunes, Defensora Pública.

Mariana Martins Nunes, durante a palestra, salientou o papel da Defensoria Pública em ouvir as mulheres nos casos de violência que sofrem. “A Defensoria Pública busca por meio dessa assistência qualificada garantir que a mulher, durante todo o processo, possa ter a voz dela manifestada”. Segundo Mariana, muitas vezes quem julga o processo acaba decidindo o que é melhor para a mulher, quando quem sabe o que é melhor em um momento tão delicado é ela mesma.

Também na palestra, Renata Carneiro afirma que a Prefeitura de Curitiba tem canais de escuta abertos, para ouvir as necessidades das mulheres migrantes e a partir disso construir ações direcionadas a elas. “A realidade não é estática, ela é fluida. Vocês passaram do momento histórico dos países de vocês, que fizeram com que vocês estivessem aqui. E o poder público tem que ter esse olhar”, conclui.

Formação

Quando as mulheres migrantes chegam ao Brasil, não tem informação de todos os documentos necessários para viverem no país e exercerem atividades profissionais. Diante desses obstáculos, a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), trouxe opções de formação e oportunidades para que as mulheres possam estar prontas para o mercado de trabalho no Brasil. “A FAS acolhe a pessoa para que posteriormente ela tenha esse conhecimento. Então todos esses programas as mulheres migrantes conseguem ter o acesso e apoio da FAS”, afirma Ronaldo Wroblewski, responsável pelo SINE.

Tania Mior é Coordenadora de Talentos e Diversidade no Grupo Marista. Ela vê a parceria com grupos minoritários importante tanto como parceria quanto como oportunidades de emprego para esse público. “Quando a gente faz esse tipo de parceria a gente olha muito pra isso, ajudar com uma questão social, mas surgindo oportunidades que a gente possa ter o contato próprio com essas pessoas e trazer oportunidades de emprego para elas”.

Representando a ONU Migração, Talita Sousa vê como muito importante a parceria com as organizações sociais, como forma de se chegar com informações às pessoas que migraram de outros países. “A gente precisa do apoio dessas organizações, para que a gente consiga fazer chegar as informações. Para que os migrantes conheçam o trabalho não só da OIM, mas também das outras organizações que também tem projetos que vão beneficiar os migrantes”.

O evento ainda contou com atividades para as crianças e distribuição de kits de higiene e cestas básicas para as mulheres participantes.

Avaliação

Para o secretário-geral da MEU, Orence Couthon, a realização do evento foi desafiadora para os organizadores. O evento começou a ser pensado em agosto, planejando o melhor conteúdo para as mulheres. “Durante o evento, percebemos que fizemos uma boa escolha dos temas (Empreendedorismo Feminino, Conscientização das Mulheres sobre seus Direitos e Luta contra a Violência sobre a Mulher) porque muitas das mulheres presentes eram empreendedoras ou querem empreender. E algumas necessitavam de mais informações sobre seus direitos e sobre o que fazer em casos de violência”, ressalta. Orence também afirma que o esforço foi válido, com muitos retornos positivos sobre as ações que aconteceram. Ele conclui dizendo que “já estamos tendo sugestão de parcerias para a próxima edição, que será ano que vem”.