No dia 28 de agosto é celebrado o Dia Nacional do Voluntariado. Para relembrar a data, o Irmão Rafael Ferreira relata a experiência que teve como voluntário no Líbano, durante quase um mês em julho deste ano. O Instituto Marista mantém projetos voluntários pelo mundo e um dos mais significativos está no Líbano. O projeto recebe principalmente crianças refugiadas da Síria, país vizinho ao Líbano que está em guerra, além de refugiados iraquianos. Saiba mais sobre o Projeto Fratelli no relato do Ir. Rafael:

O começo

Antes de iniciar a experiencia junto ao Projeto Fratelli, no Líbano, eu pensava o quão diferente seria esta oportunidade. Uma vez que, para mim, seria o contato cultural mais distinto que já tive de realidade de mundo Marista, num projeto conjunto de Irmãos Maristas e Irmãos de La Salle. Ao mesmo tempo que estava curioso, também me questionava o que esta experiência me diria interiormente. Com essa motivação, junto à Comunidade Intercongregacional Fratelli, coloquei-me a disposição e de coração aberto para o que fosse necessário.

Logo no segundo dia após minha chegada, era uma segunda-feira pela manhã, após a oração junto e o café com a comunidade, me juntei a uma das vans que vai buscar as crianças em seus bairros. Assim todos os dias, de segunda a sexta, estive nas vans ou no ônibus, conhecendo a realidade das crianças sírias e seguindo com elas para o Centro Fratelli. Participei de outras diversas atividades: preparação do lanche, presença em sala de aula, nas atividades do pátio, na limpeza, nos intervalos e nos esportes.

Como funciona o projeto

O Projeto Fratelli não é uma escola oficial, mas um centro de preparação das crianças para iniciar a vida escolar, oferecendo-lhes atividades de educação infantil, reforço escolar, aulas de computação e de inglês para os jovens. O projeto contribui com o desenvolvimento das crianças e dos jovens, objetivando também a transformação da sua realidade. O contato com eles em sala de aula foi marcante, sentando-me ao lado deles e com eles acompanhando as aulas, mesmo em árabe, sem entender muita coisa.

Os professores, muito atenciosos, me explicavam brevemente em inglês do que se tratava a aula. Todavia, era possível me comunicar com as crianças por gestos, palavras simples em inglês. A criança apontava o dedo para o que ela precisava de ajuda, ou para simplesmente mostrar o que ela tinha feito e que estava feliz com isso, desejando que eu também me alegrasse com ela.

E assim aconteceu. Em cada manhã fui em salas e turmas diferentes para tentar sentir um pouco da realidade de cada um. As crianças e os jovens ficavam alegres, pois tinham alguém diferente, e de outro país, dando demonstração de que estavam interessados no crescimento e desenvolvimento deles. E todos são muito escolhedores, querem conversar, fazer perguntas, e se esforçam muito para falar o inglês. Era possível desenvolver com eles assuntos distintos com paciência, compreendendo e esperando que eles encontrassem as palavras.

O que encontrei ali foram crianças e jovens com muita esperança, felizes, alegres com a vida e com o futuro, a despeito de ali viverem como migrantes, refugiados. Em uma das semanas houve o fechamento do ano escolar com celebrações juntos aos pais dessas crianças e jovens. Foi muito bonito ver como os pais ficavam encantados com os cantos e danças preparados e apresentados para eles. De fato, as histórias de vida são emocionantes.

Realidade local

As famílias e professores sírios precisaram deixar seu país devido a realidade de perigo de vida e muitos não poderão nunca mais voltar. Todavia, eu os vi felizes recomeçando e seguindo em frente, enfrentando os desafios e as oportunidades. As famílias têm grande respeito e gratidão pelo Projeto Fratelli. Na comunidade a ajuda é mútua entre os Irmãos e voluntários. A cada dia a oração da manhã, da noite e o almoço é preparado por um integrante da comunidade, sempre em rodízio de responsabilidades. Graças ao inglês, minha comunicação e partilha pôde fluir, pois quase todos os professores/colaboradores falam ou entendem inglês, mas me esforcei para aprender ao menos os cumprimentos em árabe. Foi difícil, mas consegui.

Esta experiência ecoou forte em mim e, dessa forma, como Champagnat, sinto que precisamos de um coração sem fronteiras, aberto e disponível para olhar além, amar e doar a vida pela missão. Também me tocou profundamente nesta experiencia, sem sombra de dúvidas, a vida comunitária intensa e necessária. Para mim ficou evidente que a vida comunitária é um dos fortes pilares da Comunidade Fratelli, onde cada membro sente o prazer de viver junto e de ser corresponsável pela vida cotidiana no trabalho e na comunidade.

A saber, o Projeto Fratelli foi criado em 2016, em parceria do Instituto Marista com outras congregações católicas. No Líbano ele funciona desde dezembro de 2016, recebendo na maioria crianças e jovens sírios e iraquianos. São desenvolvidas atividades educativas e extra-classe.

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