No dia 28 de outubro, relembra-se o episódio onde São Marcelino Champagnat visitou o jovem João Batista Montagne. Encontro que mudou a vida de Champagnat e colaborou para a criação do Instituto Marista.

O episódio do Jovem Montagne

Dentro da rotina de visitar comunidades, Champagnat foi chamado para visitar um jovem em um povoado. Ao conversar com o jovem João Batista Montagne, que se encontrava doente, Marcelino percebeu que ele não tinha nenhuma instrução religiosa e não sabia nem da existência de Deus.

Durante duas horas, ele esteve com o menino de 12 anos e fez o possível para ensinar o básico sobre a fé, os principais mistérios e as verdades essenciais da salvação. Após esse momento e de ter confessado o menino, Champagnat precisou deixar a casa para visitar outra pessoa doente.

Ao retornar, questionando sobre como estava o jovem, soube que havia falecido após a saída de Champagnat da casa. Marcelino Champagnat voltou pensando em “quantos outros meninos se encontram, todos os dias, na mesma situação, correndo o mesmo risco, por não haver ninguém que os instrua nas verdades da fé”.

Dessa forma, esse momento marcante foi um dos maiores motivadores para que fosse fundado o Instituto Marista. Um episódio que motivou Champagnat para educar os jovens e tornar Jesus Cristo conhecido e amado, especialmente aos mais vulneráveis.

Lições de Montagne

A importância do encontro de Champagnat com Montagne ecoa até os dias atuais no trabalho com os jovens. Cristiane de Oliveira, Assessora de Identidade, Missão e Vocação do Marista Brasil, Regional Curitiba, vê Champagnat, a época da criação do Instituto, colocando as crianças e adolescentes no centro da dignidade da vida humana, oportunizada por e pela educação. “O fato nos conta que Champagnat não se apegou somente ao aspecto de João Batista não saber quem era Jesus, mas também o fato de um jovem de 17 anos que não sabia nem ler e escrever”, conclui Cristiane.

Nathiele Grosso atualmente é coordenadora de pastoral no Colégio Marista São Luís, em Jaraguá do Sul. Anteriormente aluna do Colégio Marista de Londrina, ela afirma ter aprendido que Deus se manifesta nas pequenas coisas, na simplicidade, no olhar carinhoso e cuidadoso. Na forma acolhedora com que foi recebida no espaço escolar Marista. “Hoje, como colaboradora Marista, busco ser para as crianças e jovens que estão presentes na escola um pouquinho de todo esse carinho que recebi”, afirma.

Ademais, sobre a criação do Instituto Marista e a motivação através do encontro com Montagne, Cristiane afirma que “vejo amor também na indignação, ao perceber que uma vida se foi. Ele (Champagnat) não precisou de vários dados de mortes de jovens, ou saber de outras histórias. Ele precisou de um caso, de um João Batista, para colocar à tona aquilo que já borbulhava em seu coração”, ressalta.

Jovens da atualidade

Portanto, tendo como inspiração Champagnat e Montagne, Cristiane resume as atitudes do processo com os jovens. “Que possamos cada vez mais pensar em processos a partir de escutas. Que são realizadas de diversas formas e tomar atitude de forma amorosa e cuidadosa. Chamá-los pelo nome, olhar nos olhos e colocá-los no centro”, conclui.

Assim, refletindo sobre a missão com os jovens atualmente, Nathiele afirma que as carências são outras das vividas nos tempos de Champagnat, mas as atitudes tem a mesma essência. “Nós devemos ser esse olhar atencioso, amoroso, que, assim como Champagnat, percebe e entende as necessidades do outro até mesmo no silêncio. E apresentar a pessoa de Jesus que acolhe, que ama, que cuida, que é misericordioso”.