Em sua Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, Papa Francisco convida todos os fiéis do mundo a admirarem a Amazônia e reconhecê-la como um mistério sagrado. Fala de seu esplendor, mas também de seus dramas e desafios, sobretudo nos últimos anos. Indica novos caminhos para a Igreja e uma ecologia integral.
Inspiradas pelas reflexões promovidas pelo Sínodo da Amazônia e por esta Exortação, em tempos onde principalmente a pandemia da Covid-19 compromete a vida de tantos povos desta área, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) e as Pontifícias Obras Missionárias (POM) criaram a campanha “A Amazônia precisa de você”.
A iniciativa conta com o apoio da Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Cáritas Brasileira.
A magnitude da Amazônia
A Amazônia é o maior bioma do Brasil. Segundo o IBGE, ocupa um território de 4.196.943 milhões de km² e possui uma população de aproximadamente 33 milhões de habitantes, sendo cerca de 1,6 milhão de indígenas. Este bioma está presente também em mais nove países.
Trata-se da maior floresta tropical do mundo, considerada a região de maior biodiversidade do planeta. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, nesta área crescem 2.500 espécies de árvores e 30 mil espécies de plantas (de um total de 100 mil registradas da América do Sul). Ademais, a bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo, com 1.100 afluentes, cobrindo aproximadamente 6 milhões de km².
Inegavelmente, toda essa magnitude tem influência na regulação climática do planeta. Por isso, o respeito a essa diversidade é essencial. Embora existam muitos interesses econômicos na contramão desta consciência, os povos da floresta seguem em seus esforços de preservação, cientes de que essa atitude é importante para o bem comum.
Números que revelam a desigualdade
Em maio, uma nota assinada por 65 bispos e pelo Cardeal Cláudio Hummes (presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB) já chamava atenção para um cenário composto por dados alarmantes. E para a urgente necessidade de implementação de estratégias responsáveis de cuidado dedicadas aos setores populacionais mais vulneráveis.
De acordo com o texto, a região amazônica brasileira “possui a menor proporção de hospitais do país, de baixa e alta complexidades (apenas 10%). Extensas áreas do território amazônico não dispõem de leitos de UTI e apenas poucos municípios atendem aos requisitos mínimos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em número de leitos e de UTIs por habitante (10 leitos de UTI por 100 mil usuários)”. Além disso, também preocupa o aumento do desmatamento na região, em comparação aos meses anteriores ao início da crise do coronavírus.
“Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja escutada e que sua dignidade seja promovida”, escreve Papa Francisco (Querida Amazônia, 7). Certamente, esse olhar fundamentado na solidariedade e na justiça nunca foi tão importante como agora.
Além dos povos da floresta – indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais –, a Igreja também clama por compaixão e ações concretas para auxiliar as populações urbanas periféricas. Ou seja, para pessoas que já lidam com falta de saneamento básico, condições precárias de moradia, alimentação e emprego. Migrantes, refugiados, indígenas que vivem na cidade, trabalhadores formais e informais que estão à margem das medidas de prevenção da saúde, principalmente nos tempos atuais.
Como colaborar para mudar esta realidade na Amazônia
A campanha “A Amazônia precisa de você” faz um apelo à Vida Consagrada do Brasil e às pessoas de boa vontade da sociedade como um todo. Tanto para a ajuda de voluntários e profissionais da saúde que possam ir até os locais desprovidos de atenção sanitária, quanto na divulgação da iniciativa.
Portanto, se você quer fazer parte desta corrente do bem, sendo um voluntário ou com outras ideias, entre em contato com a CRB Nacional, por e-mail ([email protected]) ou pelo telefone (31) 9385-4291.
Para quem está distante geograficamente, uma forma de ajudar é a financeira. As doações podem ser feitas por meio de transferência bancária para o Banco do Brasil, agência 3413-4, conta corrente 170.703-5 e CNPJ 50.668.441/0001-34. Confira a notícia publicada pela CNBB sobre o total arrecadado até as primeiras semanas de junho e as dioceses e prelazias beneficiadas.