Confira o relato do Irmão Carlos Wielganczuk, integrante da PMBCS, sobre a origem do Movimento Champagnat da Família Marista. E sobre a essência da vivência da fraternidade, desde o início até os dias atuais.

A foto que ilustra este texto é de um Encontro Provincial do MChFM de 2019, antes da pandemia. Mas mesmo com a distância física do último ano, a união continua sendo uma característica do grupo.

“O que é ser fraterno(a)?
Não será viver, pelo menos em parte, o que vem descrito a seguir?

Quando o Instituto Marista completou 168 anos de existência, surgiu o Movimento Champagnat da Família Marista, em 1985, lançado no XVIII Capítulo Geral, para acender, irradiar e ampliar vitalidade. 

Podemos dizer que vem da vida e para a vida. Para gerar vida, nascido das aspirações dos Leigos e Leigas que tinham alguma ligação com o Instituto Marista. Houve docilidade de parte a parte: os Leigos e as Leigas foram fiéis em expressar suas aspirações e o Instituto em responder a essas aspirações. É um dom do Espírito Santo para todos. É uma realidade para aprofundar na contemplação, permitindo novas luzes nascerem e se dilatarem.

Não nos enganamos ao afirmar que o MCHFM foi e segue sendo uma ajuda real e valiosa para o crescimento, aprofundamento e vinculação de muitas pessoas ao carisma Marista. Mas não podemos estacionar aí. Recebemos o dom; e qual é o convite inerente a ele? 

Como fala o documento “Projeto de vida em fraternidade”, o Movimento nasceu como resposta ao desejo de muitos Leigos e Leigas de viverem sua vocação cristã no carisma Marista. O testemunho de suas vidas, fê-las crescer e desenvolver-se. Eles são a razão de ser do Movimento.

O Movimento Champagnat da Família Marista é uma graça do Espírito Santo para nós, Irmãos, Leigos e Leigas, com suas consequências benéficas.

O Espírito Santo, reza o “Projeto de vida em fraternidade”, segue fazendo-se presente na Igreja e em nossa família religiosa. Uma vez que o Espírito Santo nunca é restritivo de horizontes, mas os amplia ao infinito pela chama do seu amor.

A vocação laical marista é uma realidade entre nós, hoje, mais do que nunca. Esta vocação é uma forma específica de ser discípulo, discípula de Jesus, ao estilo de Maria, pela simplicidade, humildade, partilha, fraternidade silenciosa e eficaz, segundo a intuição de São Marcelino Champagnat que afirmava: “Maria tem feito tudo entre nós”. 

O Movimento é um espaço privilegiado para o desenvolvimento da vocação laical e vitalidade do carisma Marista. Os Leigos e as Leigas nos ajudam a nós, Irmãos, a viver o carisma. O centro para o qual convergem nossas vidas, nossas ações e atitudes é Jesus Cristo acolhido e vivido ao estilo de Maria, nossa Boa Mãe, que nos convida como aos serventes nas Bodas de Caná: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5).

Creio que a expressão usada, e vivida por nosso fundador, resume essa vivência, e hoje a ela podemos incluir o querido São José, tão íntimo de Jesus e de Maria: TUDO A JESUS POR MARIA E JOSÉ E TUDO A MARIA E JOSÉ PARA JESUS, pela ação vigorosa do Espírito Santo, para Glória de Deus Pai e para o crescimento e a santificação dos seus membros e a serviço dos seus irmãos e de suas irmãs.

Assim, JESUS CRISTO – núcleo central do MCHFM – conhecido, amado, seguido e anunciado do jeito de Maria, vai ampliar a tenda de nossas vidas, de nossas famílias e do nosso Instituto, pela oração, pelos encontros e pela missão, para horizontes mais abrangentes e mais luminosos, pelo testemunho alegre de nossas vidas, quais faróis de luz, [irradiantes] em nossa relação com Deus, conosco e com as pessoas, a exemplo de Jesus que veio para todos.

Com alegria e gratidão, tivemos a graça de Deus, de estar muito unidos e próximos da família do Sílvio e Vera Lúcia, nossos fraternos, pela nossa união orante com a luz irradiante do Espírito Santo, nos dias da Covid-19. 

Não conseguimos nos reunir presencialmente, mas estamos vivendo autêntica fraternidade pela oração diária de uns pelos outros. Só esse fato já merece o nome de fraternidade. Como nos primórdios da Igreja, antes da descida do Espírito Santo, os Apóstolos, a Mãe de Jesus e seus parentes, com algumas mulheres, persistiam unânimes na oração (Cf At 1,14). 

Diante de tudo o que aconteceu e está acontecendo, podemos exclamar, sem receio, alicerçados na fé: tudo é graça do amor de Deus e da intercessão da Boa Mãe, de São José e de São Marcelino Champagnat. Vale a pena viver fraternalmente e irradiar o amor, sem horizontes limitados”.

Ir. Carlos Wielganczuk