A vocação para vivenciar o carisma Marista pode se manifestar de diversas formas. A seguir, confira o relato escrito por Luciano de Oliveira, integrante do Movimento Champagnat da Família Marista (MChFM) e animador da Fraternidade Chama, de Ponta Grossa (PR).

Trajetória até o MChFM

“Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das nações”. (Jeremias 1,5).

Luciano, fraterno MChFM

Luciano de Oliveira, fraterno MChFM

No aconchego de uma humilde casa, sob os cuidados de Maria, Boa Mãe, e uma parteira, aconteceu meu presépio. No ano de 1976, enquanto meus pais vivenciavam o luto da sua primeira filhinha, eu estava sendo gerado. A tristeza fora substituída pela imensa alegria e amor de uma nova vida no seio da família.

Vivi uma infância maravilhosa. Ao lado de dois irmãos, brincávamos e nos desentendíamos e o que prevalecia era o perdão. Minhas três paixões da infância foram o futebol, a pescaria e a leitura. Com exceção da pescaria no imenso Tibagi nas terras dos Campos Gerais, as peripécias com a bola e o encanto do livro eram diárias. 

Na adolescência, minhas paixões de menino intensificaram-se. Bola foi o brinquedo que mais tive. Apetrechos de pesca, redes e tarrafas aprendi a improvisar e a tecer com meu querido pai. O primeiro “livro” que ganhei foi a Bíblia. Emocionado com o presente, lia à noite à minha querida mãezinha, que mesmo sem leitura, ensinou-me seu amor a Nossa Senhora. 

Na escola, cresceu meu amor aos livros e à arte. Aprendi a realizar mágicas e divertia-me apresentando espetáculos e ajudando os colegas nas tarefas. Quando havia qualquer atividade extracurricular envolvia-me plenamente. Foi numa “palestra” com os Irmãos Zeferino e Elias que fiquei encantado com os Maristas. Era década de 1990 e após algumas missivas e conversas, inclusive com minha família, fui morar na Casa Verde, recanto adorável que servia de Juvenato Marista na cidade de Ponta Grossa (PR).

Foi um tempo de crescimento pessoal surpreendente. O amor à Maria, Boa Mãe, intensificou-se após adentrar na trajetória de Marcelino Champagnat. Nessa época, havia nessa casa de formação o jornalzinho Vocacional, coordenado com muito zelo pelo Irmão Afonso Levis. Continuava pescando e tirando mel com o Irmão Zeferino, além do futebol e das preciosas leituras dos traços espirituais de Champagnat. Depois dessa maravilhosa experiência, meu amor aos Maristas estava selado. A busca por encontrar meu verdadeiro caminho vocacional levou-me aos Franciscanos e aos Irmãos do Sagrado Coração, ambos contribuíram efetivamente para uma resposta definitiva à vocação. 

O amor de Deus apresentou-me no caminho uma pessoa maravilhosa, a Mariani. O sacramento do matrimônio, em 2001, foi o meu sim definitivo à vocação. Constituímos família e a gratidão de Deus nos ofereceu uma linda menina em 2005, a Thaylla, nosso precioso tesouro. Essa união, entre tantas alegrias, me proporcionou os maiores desafios da minha vida: superar dois acidentes gravíssimos. 

Um da nossa filha, que após ser atingida por um ciclista, teve traumatismo craniano grave, entrou em coma e precisou realizar uma cirurgia complexa. Por um milagre de Nossa Senhora Aparecida sobreviveu. 

O outro, eu mesmo sofri. Foi a queda de uma árvore no Mato Grosso (MT). Levado às pressas de avião a Cuiabá, recebi a unção dos enfermos e já preparava-me para a morte. Fiquei no pronto-socorro com meu irmão-anjo. Sem saber, o avião que levava a Mariani, teve problemas e precisou realizar um pouso de emergência no meio da mata. Essas experiências nos levaram a intensificar o amor a Deus e assumir definitivamente o propósito da verdadeira missão: “Ser luz do mundo e sal da terra”.

Nesse interstício de tempo, tive a graça de retornar ao Marista como colaborador e fazer parte do Programa Vida Feliz e da Pastoral, minha melhor experiência profissional. Busquei qualificar-me e após cursar duas graduações, encaminhei uma pesquisa de mestrado em educação. 

O amor ao carisma marista levou-me a intensificar os estudos sobre o patrimônio histórico da instituição. Após participar do 1º Curso L’Hermitage, e sob a inspiração do querido Irmão Ivo, enveredei-me para propor um projeto de doutorado tendo como foco de estudo a Editora FTD, com intuito de melhor conhecer a história Marista. Com incentivo do estimado Irmão Dario e de muitos outros Irmãos e colaboradores, a pesquisa já rendeu artigos e segue adiante, rumo à defesa ainda neste ano de 2021.    

Nos quase sete anos em que fui colaborador Marista, lamento de não ter participado do Movimento Champagnat da Família Marista. A remissão veio quando em uma missa na Catedral de Ponta Grossa, em que celebrávamos os 200 anos do Instituto no mundo, duas bênçãos de Deus, Mário Lopes e Rita de Cássia, nos convidaram para fazer parte da Fraternidade intitulada Chama. “Eis-nos aqui Senhor”.

A Chama, hoje com mais de 15 anos de existência, nos acolheu e nos ofereceu um espaço precioso para celebrarmos o carisma de São Marcelino Champagnat, bem como aprofundar nossa fé cristã do jeito de Maria. Junto com as famílias de Paulo e Rosane, Mário e Rita, Sérgio e Adriane, Régis e Maria Eunice, contamos com o apoio imensurável do Irmão Marcondes e do Irmão Alberto, o qual foi um dos fundadores dessa fraternidade.

Gratidão a Deus, à Maria, Boa Mãe, e a São Marcelino Champagnat, por esse caminho que ainda estou trilhando. Minhas preces para que humildemente consigamos responder com amor aos apelos que Deus nos faz constantemente em nossas vidas.

Luciano de Oliveira