Em 1817, São Marcelino Champagnat fundou o Instituto Marista, na França. Uma obra educativa dedicada à educação evangelizadora de crianças, adolescentes e jovens, especialmente aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

Mesmo após mais de 200 anos, os Maristas de Champagnat, dão continuidade à obra a partir da figura de Maria, como modelo de seguimento dos ensinamentos do Salvador.

Com o objetivo de celebrar esses anos de história, em 2017 foi construído o Memorial Marista. Junto a sua estrutura, está a Capela Mãe da Misericórdia, um espaço sagrado com representações da história Marista.

Capela Mãe da Misericórdia

A Capela Mãe da Misericórdia é uma obra de arte elaborada pelo artista paranaense especialista em arte sacra, Sergio Ceron. A obra está cheia de significados cristológicos e mariológicos e a imagem central é a da Virgem da Misericórdia.

No espaço, também se destaca a representação de anjos, uma dimensão importante dentro da liturgia. Diz-se que quando os homens se reúnem para rezar, toda a milícia celeste se une a eles para aquele momento. Os anjos vermelho e azul, que compõem a obra, anunciam os dois percursos visuais presentes nos vitrais.

Vale ressaltar que, todo espaço sagrado tem duas repartições principais que devem ser levadas em consideração: o presbitério e a nave. O presbitério é onde está o altar e, simbolicamente, ele representa o paraíso. Já a nave é onde se encontram os fiéis. Esta parte representa de maneira simbólica a terra. Na capela, a imagem da Virgem de Misericórdia, no presbitério, configura-se como uma visão da eternidade e os vitrais encontram-se na nave representam tudo que é terreno, dos homens.

O percurso visual dos vitrais conta a história do Instituto Marista de maneira simbólica. A primeira imagem que se destaca é de Champagnat com o jovem Montagne, que marca a fundação do Instituto.

A segunda imagem é de Champagnat olhando para trás com a mão no coração. É o momento em que encontra a sua vocação; o despertar para a construção da sua obra de educação.

Outra imagem importante exposta no vitral é da catedral de Fourvière, onde Champagnat e os outros Seminaristas fazem a promessa, que dá origem a Sociedade de Maria. Em seguida, há a imagem de uma árvore que representa os ramos da Família Marista.

Ainda no vitral há uma imagem de Champagnat orante, que se encontra em um jardim de violetas. Esta imagem do jardim na sagrada escritura remete ao paraíso.

Há também representado na capela, de maneira implícita, os três pisos da casa de La Valla. Próximo ao sacrário há o piso mais escuro, que remete ao subsolo. Na nave há um piso de uma cor que lembra a mesa de La Valla e suas doze gavetas. Por fim, a outra parte do piso foi representado com uma cor bem clara que remete ao lugar mais alto da casa e o mais iluminado.

O percurso pela obra de arte da capela Mãe de Misericórdia termina com a imagem da Boa Mãe na parede e a imagem de Champagnat no átrio onde ele se encontra com dedo apontado para fora com a frase inscrita: “todas as dioceses do mundo estão em nossos planos”.

Percepções

Josmari Pauzer, Analista de Identidade e Missão, escreveu algumas palavras sobre a Capela Mãe da Misericórdia.

“Desde a minha infância, sempre imaginei o céu como um espaço de muita tranquilidade e de paz, aliás a palavra paz sempre me remete ao céu. Não entendo um sem o outro!”, diz.

Josmari conta que a capela Mãe da Misericórdia desde sua construção no espaço do Centro Marista Champagnat, chama muito a sua atenção. “Interessante que crescemos e amadurecemos junto com todo aquele espaço. À medida que o lugar se modificava, nós também nos humanizávamos. Foram tantas formações, porções de espiritualidade, amizades, vidas, compartilhadas, estudos, convivências, positividades, que ao entrar pelo portão principal meus pensamentos me dirigem a entrada do céu”.

Para a analista, neste céu há muitos espaços, cantinhos coloridos, floridos, cheios de vida, podemos pensar, falar, ouvir, contemplar, comer, olhar os peixes, os pássaros, os livros… e a capela Mãe da Misericórdia é apenas mais um canto deste céu maior.

“Neste espaço, me sinto literalmente no colo da Mãe.  A mãe que acolhe, que alcança a todos com seus braços poderosos.  A mãe que entende todas as outras mães. A mãe que muitas vezes ficava muda, admirada e que muitas vezes não entendia tudo a respeito do próprio filho e dos mistérios de Jesus, assim como nós mães, humanas que somos, muitas coisas ainda não entendemos”, reflete.

Josmari Pauzer afirma, ainda, que é muito bom recolher-nos na Capela, com a Mãe da Misericórdia. Com ela, aprendemos que crer é confiar, é permitir, é aderir. “Crer é amar, é andar na presença de Deus e quando existe essa adesão integral ao mistério de Deus nos sentimos no universo mesmo estando em casa e somos verdadeiramente felizes”, diz.

Por fim, faz uma breve análise sobre a Boa Mãe: “Maria foi uma criatura como nós, uma criatura excepcional, é claro! Mas por ser excepcional não deixava de ser criatura, e percorreu todos os nossos caminhos humanos, com suas emergências e encruzilhadas. O que acontece conosco pode ter acontecido com ela, o que precisamos aprender mais com Maria, além da grande fidelidade a Deus são os seus modelos comportamentais de humildade, silêncio, escuta. A grandeza de Maria não está em imaginarmos que ela nunca foi assaltada pela confusão. Está no fato de que quando não entende algo ela não reage angustiada, impaciente, irritada, ansiosa, assustada. Cheia de paz, cheia de céu, de paciência e doçura ela toma as palavras, recolhe-se em si mesma e permanece interiorizada, pensando”.

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