Compartilhamos a reflexão do Ir. Vanderlei Siqueira, presidente do Grupo Marista, publicada em sua página no Linkedin, sobre a Quaresma:

Iniciamos um período que remete aos quarenta dias passados por Jesus no deserto, como preparação para a Páscoa. Hoje, a Quaresma continua sendo entendida como um tempo de oração, de jejum e de partilha, mas também um tempo propício à conversão e à abertura do coração a Deus e aos outros.

Gostaria de partilhar, nessa perspectiva, um acontecimento que demonstra a compreensão do nosso fundador e que, também para os nossos dias, pode ser tomado como um caminho diferenciado para vivermos esse tempo litúrgico tão forte.

Conta a história que em L’Hermitage, berço da fundação marista, havia um clima extraordinário de vida religiosa e de vida familiar. Os mais novos eram incentivados pelos mais velhos e os mais velhos ficavam felizes com o entusiasmo dos mais novos.

Com a chegada da Quaresma, todos os Irmãos queriam jejuar e fazer penitência. Os jovens também pensaram nisso. Nomearam, então, seis delegados para irem ao quarto de Champagnat pedir-lhe permissão para fazer duras penitências quaresmais. O mais velho deles não tinha dezesseis anos. Champagnat disse-lhes para jantarem bem naquela noite e prometeu-lhes uma resposta no dia seguinte.

E então, conforme fora prometido, ele lhes explicou o jejum que agradava a Deus.

É preciso fazer jejum dos olhos. É necessário olhar para dentro de si. É preciso ser profundos e não se perderem em superficialidades.

É preciso fazer jejum da língua. Para tanto, é necessário falar mais com Deus e consigo mesmo. Devemos procurar palavras autênticas que nos ponham em contato com os outros, deixando de alimentar as palavras vazias e sobretudo as ofensivas.

É preciso fazer jejum dos defeitos, do egoísmo e dos caprichos. Devemos deixar que a nossa preguiça, a nossa tristeza, o nosso orgulho se esgotem.

E por fim, é preciso alimentar bem o nosso coração e o nosso espírito. É necessário rezar com fé e fervor, sobretudo participar da Eucaristia. É preciso abrir o coração aos pobres e ajudar muito as pessoas necessitadas.

Depois de explicar desta forma o jejum quaresmal, Champagnat encorajou os jovens a fazerem-no com todo o seu entusiasmo, e permitiu que jejuassem corporalmente às sextas-feiras, embora, devido à sua idade, ainda não tivessem obrigação de fazê-lo.

O sábio ensinamento do fundador pode nos ajudar a olhar mais atentamente para nossa própria vida e discernir sobre o que acreditamos que mais agradaria a Deus como “práticas de conversão” durante esta Quaresma.