Em setembro, temos a chance de participar de um período muito especial para a Igreja: o Mês da Bíblia. Neste ano de 2023, a Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), preparou materiais de estudo sobre a Carta aos Efésios. E trouxe como tema a inspiração bíblica “Vestir-se da nova humanidade” (Ef 4,24).
De acordo com o Ir. Alison Humberto Furlan – formador do Aspirantado Marista de Itapejara d’Oeste (PR), bacharel e mestre em Teologia e especialista bíblico –, a Carta aos Efésios é construída sob uma rica teologia cristológica, numa época do cristianismo em que era necessário preservar as memórias e as doutrinas deixadas pelos Apóstolos e pelos primeiros cristãos. “Podemos dizer que foi escrita numa época em que a teologia começou a ser aprofundada, em vistas de dar respostas mais condizentes com a realidade que se vivia desde o evento Morte e Ressurreição de Cristo”, explica.
Ensinamentos contidos na Carta aos Efésios
Com o intuito de nos apresentar os principais ensinamentos do conteúdo proposto pela CNBB para este Mês da Bíblia, o Ir. Alison compartilha conosco uma síntese da Carta aos Efésios. Confira em seguida:
“A carta é iniciada com um hino de louvor, como que a humanidade agradecendo a Deus a salvação e a revelação da graça em Jesus Cristo dada a nós humanos. Por este hino de louvor é dada a diretriz da carta. O autor escreve a comunidade de Éfeso (atual Grécia) para um povo que não vinha de tradição judaica. Ou seja, eram pagãos convertidos. Por essa razão era necessário dar a conhecer toda a história da salvação revelada ao povo hebreu.
Assim sendo, faz um paralelo com o pecado e tudo o que isso acarreta: mentira, roubo, palavras malditas, egoísmo… que de certa forma está ligado ao pecado original que se remete a Adão, o “velho homem” expulso do Paraíso, corrompido por paixões enganadoras. E pede assim que se revistam do “homem novo”: Jesus Cristo que traz a graça, a salvação, o sentido para a vida. E isto se manifesta em atitudes: justiça, verdade, trabalho honesto, partilha, palavras edificantes, generosidade, reciprocidade… Que transformará a vida do cristão e da comunidade de fé.
Paulo analisa a vida desse povo, suas relações sociais, familiares e religiosas, e pede que a graça tenha prevalência. E que estejam abertos a acolher o Espírito Santo, que fora deixado em Pentecostes a eles. Assim, homens e mulheres novos, revestidos de Cristo vencerão todas as adversidades.
Por fim, Paulo pede uma mudança profunda. E usa uma analogia para reforçar este pedido, trocar a violência, a morte e a agitação pela oração, intercessão e verdade. Que troquem a espada de ferro pela espada do Espírito, da Palavra, e que a proteção venha pelo cinturão da verdade; pela vestimenta da couraça da justiça, pelos calçados do zelo ao Evangelho, pelo escudo da fé e pelo capacete da salvação. Com esta armadura as flechas do inimigo não os atingirão, a comunidade terá uma nova estrutura e os cristãos serão reconhecidos pelo amor que se doa”.
Do estudo para a prática
Além disso, para aproximar esse conteúdo das vivências do dia a dia, Ir. Alison nos convida a refletir sobre condutas que nos distanciam da lógica cristã, como o consumismo, desperdício, hedonismo, egoísmo, isolamento, separações, divisões, poder por poder, falta de empatia, destruição do meio ambiente e desmerecimento da dignidade humana.
“Como Maristas que somos, devemos estar atentos para essa cultura do “velho homem” não entrar em nossos escritórios, comunidades, escolas, universidades, obras sociais, enfim, nas nossas frentes de missão. Precisamos dar o melhor, com qualidade, conhecer as dinâmicas do mundo, mas o que não condiz com a graça dada por Cristo devemos relutar e abandonar. É possível educar e gerir de forma nova, tendo como base o “homem novo” – Jesus Cristo, como fez o Pe. Champagnat e nossos primeiros Irmãos”, enfatiza Ir. Alison.
Segundo o Irmão, vemos muito das mesmas coisas na sociedade. Porém, o que precisamos é “oferecer e viver a novidade que é tão antiga quanto a Carta aos Efésios”. Isto é, devemos nos vestir da mesma armadura recomendada aos Efésios, com destaque para a oração, o zelo pelo Evangelho e o testemunho do bem e do amor ao próximo. E, assim, construir uma missão espiritualizada, abençoada e frutificada.
“Seguindo esta cartilha nada nos faltará, e teremos muito êxito em tudo o que nos propormos a fazer na construção do Reino de Deus”, acredita Ir. Alison.
Mês da Bíblia
Nem todas as pessoas têm a oportunidade de mergulhar a fundo nos ricos conteúdos que compõem a Bíblia, não é mesmo? Por isso, a iniciativa proposta pela CNBB, anualmente no mês de setembro, tem a finalidade de proporcionar momentos de estudo e descoberta, a partir de atividades variadas.
“Comunitariamente, participamos na Paróquia Senhor Bom Jesus da Redenção, em Itapejara d’Oeste, da missa de abertura do Mês da Bíblia. Eu e o aspirante Felipe, como catequistas, fizemos atividades lúdicas e instrutivas com nossos catequizandos. Durante o Mês, nas orações comunitárias demos prioridade à Leitura Orante da Bíblia, além, é claro, da ornamentação da capela enfatizando a Palavra de Deus”, conta o Ir. Alison.
E você? Conseguiu aproveitar alguma atividade relacionada ao mês dedicado às Sagradas Escrituras em sua região?