Nascido em 1965, em Siderópolis (SC), o Ir. João Batista vem de família grande, com sete irmãs e um irmão. No ano de 1974, mudou-se com a família para Criciúma (SC), cidade onde começou sua curiosidade sobre a vida Marista.
Conheceu os Irmãos Maristas em 1977, quando passou a estudar na Escola Técnica Sociedade de Assistência ao Trabalhador do Carvão (SATC) para filhos de Mineradores, dirigida pelos Irmãos Maristas. “Meu pai era minerador, então fiz o teste de seleção para entrar nesta Escola Técnica e fui aprovado”, conta o Ir. João Batista.
Conhecendo a vida dos Irmãos
O Irmão João conta que em uma determinada manhã, um Irmão que estava visitando a SATC, foi até a sala de aula para falar sobre os Irmãos Maristas. O nome dele era Aurélio. “Ele começou a mostrar algumas fotos dos Irmãos missionários da África, de batina branca e isso me chamou muito a atenção. Eu me lembro que o Irmão Aurélio tinha um porte alto e usava um sobretudo preto, pois estava frio. Eu via nele a imagem de um santo”, diz. No final da visita, o Ir. Aurélio deixou uma folha de papel para preencher com o nome quem tivesse interesse em conhecer os Maristas e o Ir. João Batista não hesitou e colocou seu nome.
Já no dia seguinte, o Irmão Aurélio, que era o Animador Vocacional, entregou aos alunos que colocaram o nome na folha, um livro sobre Champagnat. “Lembro que não falei nada em casa para os meus pais”, recorda o Irmão.
A partir da visita do Ir. Aurélio, o Ir. João também começou a se aproximar mais dos Irmãos Maristas, sobretudo do Ir. Hugo Depiné, seu professor de matemática na época. “O Ir. Hugo me chamava muito a atenção, pelo fato de que na hora do recreio ele pegava o violão e ia lá no pátio, tocar e cantar com os alunos. Em minutos, ao seu redor, enchia de alunos”, recorda.
Quando chegou o momento decisivo de dar a resposta se queria ou não fazer o encontro vocacional, para conhecer mais sobre a vida marista, o Irmão aceitou, mas ficou preocupado em como contar aos pais sobre sua escolha vocacional. “Até então eu não tinha falado nada em casa e, quando aceitei o convite, o Irmão iria fazer uma visita em casa para falar com os meus pais”, explica.
O Irmão lembra que a visita do Irmãos Aurélio na sua casa que foi muito bacana. Seus pais receberam bem o Irmão Aurélio e a partir da explicação do Irmão entenderam melhor qual a missão de um Irmãos Marista e como vivia. “Meu pai não dosou muito as palavras e disse que eu não gostava de estudar e não tinha certeza se era para mim essa vocação. Eu já havia reprovado duas vezes na escola. Mas depois da fala do Irmão, meu pai falou que se era minha vontade eu poderia ir”, conta.
Aceitando a vocação
Em 1980, participou do primeiro encontro vocacional em Jaraguá do Sul (SC) e continuou sendo acompanhado. No ano seguinte, 1981, ocorreu o segundo encontro vocacional em Pouso Redondo (SC) e, em 1982, entrou para casa de formação, casa essa que era chamada de juvenato, em Caçador (SC).
Um fator que gerava muita dúvida no Irmão sobre a sua ida para a casa de formação marista era o pai. “Todas as minhas irmãs foram saindo de casa para estudar fora e ficou apenas eu e minha irmã em casa. Quando decidi entrar para o juvenato, meu pai ficou um tanto contrariado, afinal de contas ele precisava de uma companhia para ajudá-lo nos afazeres da casa, mas ao longo dos anos ele foi aceitando a minha decisão e me deu o maior apoio”, afirma.
Durante a formação, o Irmão teve algumas dificuldades por conta do seu jeito alegre e humorado e de querer fazer todo mundo rir. Em dois momentos ele foi mandado embora da casa de formação.
“Eu tinha uma certa convicção da minha vocação, então fui bem ousado para a época. Eu disse: “eu não vou embora, porque eu tenho vocação”, lembra.
Esse episódio ajudou o Irmão a entender que precisava levar mais a sério sua formação, porém ele confessa que durante o percurso não ficou isento das dificuldades. “Acreditava que Deus tinha um plano. Eu levei e levo comigo até hoje, uma frase que está no testamento espiritual do Padre Champagnat – Custa ser um bom religioso, mas a graça de Deus suaviza tudo”.
Início da jornada como Irmão
O Ir. João Batista iniciou sua jornada no Colégio Marista Paranaense como professor de Ensino Religioso para o 3º ano do Ensino Médio. “Foi muito difícil. Os alunos do Terceirão não queriam aulas de Ensino Religioso. Pedi a Deus uma Luz. Lembro que certa vez, estava rezando na Capela e acabei cochilando. Quando acordei, a primeira coisa que veio à minha mente foi a frase de Marcelino Champagnat, tornar Jesus Cristo conhecido e amado”, lembra. Então, naquele momento, entendeu que era preciso também tornar o Irmão João conhecido e amado. Até hoje leva isso consigo. “Se eu quiser ter sucesso na minha vocação preciso ser conhecido e amado, para depois tornar Jesus Cristo conhecido e amado”, explica.
Também foi diretor de Pastoral da antiga Província de Santa Catarina, em Florianópolis. Depois foi para Jaraguá do Sul, onde ficou por 3 anos como coordenador de Pastoral e vice-diretor. Em seguida, passou 3 anos em Roma para fazer o Mestrado em Pastoral Juvenil. Na volta, participou da criação da PJM.
Vivendo a Espiritualidade
Nas palavras do Irmão, a espiritualidade pode ser complexa ou pode ser bem fácil, depende de como você a define. De acordo com o Ir. João, a espiritualidade é a essência da vida. “É a forma que eu coloco em prática os ensinamentos de Jesus e os valores apregoados por São Marcelino Champagnat”, conta.
Também explica que muitos confundem a espiritualidade com momentos isolados de oração. A espiritualidade se vive de forma integral, ou seja, em todos os momentos do nosso dia a dia. Você a põe em prática desde o momento em que se levanta até o momento em que você vai dormir. “A minha espiritualidade é o “sim” que eu dou todos os dias à Deus, à minha vocação”.
Experiências na Vida Consagrada
De acordo com o Irmão, pelo fato da Pastoral Juvenil ser a sua principal área de atuação, é fácil dizer que a melhor experiência, ao longo de todos os 36 anos como Irmão Marista, foi justamente ter ajudado a construir a Pastoral Juvenil Marista na Província juntamente com outros que também tinham o mesmo ideal. “Fiquei com muito medo de assumir essa tarefa, mas isso propiciou para mim muito conhecimento, seja na área juvenil, seja na área de pastoral, além de conhecer outras realidades juvenis, no Brasil e no exterior”, afirma. Segundo o Irmão João, ele deve à Pastoral e à PJM a pessoa que ele é hoje.
Ir. João Batista no Timor Leste
Outra experiência vivida pelo Irmão João foi a oportunidade de ser missionário no Timor Leste. “O Timor Leste foi um marco. Estou tentando registrar todos os meus sentimentos e experiências para no futuro, quem sabe, escrever algo sobre essa vivência”, diz.
“No dia 29 de julho de 2018, peguei o avião para ir ao Timor Leste. Lembro que quando cheguei a emoção foi muito forte. O primeiro desafio foi aprender a língua deles, o Tetum. Encontrei no Timor Leste um povo muito acolhedor”, lembra. Lá, ele dava formação sobre espiritualidade, pastoral e orientava os jovens vocacionados maristas na parte prática de pastoral em um orfanato de crianças surdas e mudas.
Foi uma experiência muito rica, pois segundo o Irmão João, lá ele de fato se inculturou. Viveu como se fosse um Timorense nato. “Mudou a minha vida. Eu só vim embora porque foi um período que a minha mãe estava doente e precisava da presença de todos os filhos ao lado dela”, explica.
Por fim, o Ir. João Batista espera um dia poder retomar o trabalho como missionário. “Pode ser no Timor Leste, Camboja ou Vietnã, só quero voltar”.
Atualmente, o Irmão João está atuando como Assessor Itinerante da área de Animação Vocacional da Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS).
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